“As pessoas estão desesperadas. Neste momento há quatro associações do setor e estão aqui associados delas todas, mas este é um movimento sem associações. Os líderes sentem-se abandonados e as pessoas estão a chegar a uma situação de desespero”, disse Saul Teixeira, em declarações à Agência Lusa.
O também vice-presidente da Associação dos Profissionais Itinerantes Certificados (APIC), explicou que o setor teve “mais de 50 reuniões, mas, no fundo, só houve promessas”, lembrando que o Governo autorizou a atividade, mas, entretanto, em Conselho de Ministros de 01 de julho, foi determinado o encerramento dos parques e equipamentos de diversão em municípios de risco elevado.
“As pessoas começaram a abrir a atividade, a pagar as taxas e impostos para começar a trabalhar, já que temos ‘n’ despesas para poder estar em feiras e parques e o Governo mandou fechar a atividade, as pessoas estavam mal em casa, mas ainda tentaram. Se soubessem, tinham continuado mal, mas não gastavam dinheiro”, desabafou.
Saul Teixeira adianta que o Governo deu como justificação para o setor fechar o facto de estes pertencerem aos parques aquáticos, acusando agora os responsáveis governamentais de terem autorizado a abertura dos parques aquáticos, mas não permitirem a sua atividade.
“Estamos autorizados pela Direção-Geral da Saúde (DGS) para trabalhar, temos protocolo sanitário e não podemos abrir, mas os parques aquáticos, os casinos, as feiras de levante estão abertas e até as praias estão cheias de gente onde se pode transmitir o vírus”, reconheceu.
O responsável lembrou ainda que, no ano passado, foi autorizada a abertura de cinco parques de diversões no país, “com 5%” do pessoal itinerante a trabalhar e não foi registado “um único caso de infeção de pessoas que por lá tenham andando”.
“Esta é a última vez que pretendemos vir a Lisboa pacificamente”, advertiu, adiantando ter conhecimento de algumas pessoas que têm os equipamentos de diversão a ganhar ferrugem e que ameaçam trazer para a Assembleia da República e deitarem-lhes fogo.
“Aquilo que viemos pedir é que nos deixem trabalhar, mas também que nos apoiem. Os feirantes são das pessoas que mais impostos pagam”, afirmou.
Os profissionais de diversão itinerante, que englobam carrosséis, jogos e restauração itinerante, têm agendadas manifestações até quinta-feira, estando esta manhã no Infarmed, onde decorre a reunião de peritos para analisar a situação pandémica, seguindo depois para o Ministério da Economia, e à noite para Cascais, para pernoitar frente à residência do Presidente da República.
Para quarta e quinta-feira preveem estar novamente todo o dia frente ao Ministério da Economia e em vigília, entre as 20:00 e as 06:00 junto à residência civil de Marcelo Rebelo de Sousa, em Cascais.
Em 13 de maio deste ano, a atividade de diversão itinerante e os parques infantis e aquáticos privados foi autorizada a entrar em funcionamento nos concelhos do continente incluídos no nível mais avançado do plano de desconfinamento.
No início de maio, em mais um protesto em período de pandemia — o primeiro que reuniu as três associações representativas do setor –, empresários da diversão itinerante concentraram-se em Lisboa para pedir a retoma urgente da atividade, prometendo funcionar com protocolos de segurança.
Acusando o Governo de negligência, a Associação dos Profissionais Itinerantes Certificados (APIC) explicou que já estavam a ser assinados contratos com os municípios para recomeçarem a laborar, mas, recordou, estavam a ser bloqueados pela tutela.
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