“Se a Europa está forte e unida, não devemos aceitar pressões de qualquer lado em qualquer momento” no que toca ao 5G, afirmou em entrevista à agência Lusa, em Bruxelas, o presidente da Eurochambres, Christoph Leitl.
Segundo o responsável, “os americanos estão a queixar-se dos chineses e os chineses dizem que os americanos estão a fazer o mesmo”, pelo que a União Europeia (UE) deve “ter regras claras, mas também um acesso livre marcado pelo respeito dessas mesmas regras”.
“Não devemos dizer que a Huawei tem de sair para a Cisco entrar, é esse o objetivo dos americanos”, notou Christoph Leitl.
A fabricante chinesa Huawei é acusada de espionagem industrial e outros 12 crimes pelos Estados Unidos, país que chegou a proibir a compra de produtos da marca em agências governamentais e que tem tentado pressionar outros, como Portugal, a excluírem a empresa no desenvolvimento das redes 5G.
Portugal já disse que não o fará e desvalorizou a polémica.
Por seu lado, a Huawei tem rejeitado as suspeitas, insistindo que não tem ‘portas traseiras’ para aceder e controlar qualquer dispositivo sem o conhecimento do utilizador.
Nesta ‘corrida’ tecnológica do 5G, participam vários países do mundo, mas também várias ‘gigantes’ tecnológicas.
Além da Huawei, a norte-americana Cisco também concorre no desenvolvimento da rede, além de outras companhias, como as europeias Nokia (sediada na Finlândia) e a Ericsson (da Suécia).
“Devemos ter uma postura neutra em concordância com o comércio livre e justo e espero que empresas europeias como a Nokia também desempenhem lugares de topo nesse setor, ainda que com algum atraso”, argumentou Christoph Leitl.
No final de março, a Comissão Europeia fez várias recomendações aos Estados-membros sobre as redes 5G e deu-lhes permissão de excluírem dos seus mercados empresas “por razões de segurança nacional”.
Nessa recomendação, o executivo comunitário pediu também que os países da UE façam, até junho, uma avaliação nacional das infraestruturas da rede 5G, analisando, desde logo, “os riscos técnicos e os riscos associados ao comportamento de fornecedores ou operadores, incluindo os provenientes de países terceiros”, isto é, de fora da União.
Depois, deverá ser feita uma avaliação geral dos riscos na UE, até outubro, de forma a encontrar uma “abordagem comum” às ameaças.
Até ao final do ano, os Estados-membros devem chegar a acordo sobre medidas de mitigação, que podem passar por questões como requisitos de certificação, testes, monitorização, assim como a identificação de produtos ou fornecedores considerados potencialmente não seguros.
Para o presidente da Eurochambres, “a UE não deve tomar qualquer partido, deve definir quais são os limites”.
“Quem respeitar as regras é bem-vindo, é assim que funciona o comércio livre”, adiantou o responsável à Lusa.
Criada em 1958, esta associação representa cerca de 20 milhões de negócios na Europa (incluindo a UE e países como Noruega, Rússia, entre outros), a quase totalidade pequenas e médias empresas (PME), num total de 120 milhões de funcionários.
Ao todo, é composta por 45 câmaras de comércio e de indústria, incluindo a portuguesa.
Comentários