A comunidade ismaelita é constituída por cerca de 15 milhões de pessoas espalhadas pelo mundo e o seu líder espiritual, o príncipe Aga Khan, escolheu Lisboa para a sede da comunidade, bem como para o encerramento das comemorações.
Já em Portugal desde sexta-feira, país onde de resto vai ter residência oficial, o príncipe é recebido na próxima semana com as mais altas honras, numa visita oficial de quatro dias.
Na segunda-feira é recebido pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, em Belém, depois de honras militares, tem um almoço oferecido pelo primeiro-ministro e janta no Palácio de Queluz, a convite do chefe de Estado.
Na terça-feira é recebido na Assembleia da República, onde fará um discurso (sala do Senado) e inaugura uma exposição. Aga Khan visita depois o local do futuro “Ismaili Imamat” (imamato ismaelita), palacete Henrique de Mendonça, a sede mundial dos ismaelitas, que esta semana estão em força em Portugal, uma presença estimada em 45 mil visitantes.
Aga Khan não volta a encontrar-se, segundo o programa oficial, com as autoridades nacionais, reservando os últimos dois dias de visita para encontros com a comunidade ismaelita, na zona da Feira Industrial de Lisboa, Parque das Nações (com restrições ao trânsito até quinta-feira), onde desde quinta-feira decorrem iniciativas culturais sobre os 60 anos de liderança.
Tem ainda prevista uma reunião com investigadores ligados a 16 projetos que a os ismaelitas financiam, no âmbito de um protocolo de cooperação com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
A chamada comunidade muçulmana “Shia Imami Ismaili”, um ramo dos muçulmanos xiitas, vive espalhada por cerca de 30 países, com as maiores comunidades na Europa a residirem na Grã-Bretanha, França e Portugal, onde vivem cerca de 7.000 membros.
Para os muçulmanos ismaelitas Aga Khan é o 49.º imã na linha hereditária descendente de Ali e Fátima, filha do profeta Maomé, cujo genro, Ali, foi o primeiro imã.
Em Portugal a maior parte da comunidade ismaelita tem origem na índia, de onde migrou para Moçambique, chegando a Portugal após o 25 de Abril. A comunidade concentra-se essencialmente em Lisboa e na zona a sul do Tejo e é constituída nomeadamente por profissões liberais, funcionários públicos e comerciantes (o comércio foi desde sempre uma tradição dos ismaelitas).
Segundo dados oficiais, a comunidade está integrada, não tem praticamente analfabetismo e há um aumento crescente de ingressos no ensino superior.
Em termos gerais, as comunidades ismaelitas dedicam muito tempo voluntário às instituições do “Imamat” que constituem a “Rede Aga Khan para o Desenvolvimento”, um grupo de agências e instituições privadas de apoio ao desenvolvimento.
As cerimónias oficiais da próxima semana em Lisboa, e as iniciativas culturais que já decorrem, marcam o fim das celebrações do jubileu de diamante de Aga Khan.
Se a pequena comunidade portuguesa tem razões para estar satisfeita mais terá proximamente, quando a representação do 15 milhões de fiéis for definitivamente em Lisboa, onde possivelmente o seu imã viverá.
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