Os funcionários das escolas iniciariam hoje uma greve, que termina na sexta-feira, para reivindicar aumentos salariais, integração nos quadros e a criação de uma carreira específica.

Em declarações à agência Lusa, o dirigente sindical Artur Sequeira, da Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (FSTFPS), avançou com um primeiro balanço provisório dos efeitos da greve: Durante a manhã, "estiveram encerradas entre 400 e 500 escolas do ensino básico e secundário”.

Alice Moita, de 48 anos, foi uma das assistentes operacionais que decidiu fazer greve e manifestar-se em frente ao Ministério da Educação, em Lisboa: Trabalha há 17 anos numa escola básica e ganha o ordenado mínimo nacional.

“O meu horário é das 08:00 às 16:00, mas nunca entro às 08:00 nem consigo sair às 16:00”, contou, explicando que na Escola Maria da Luz de Deus Ramos, onde trabalha, existem apenas quatro auxiliares para cerca de 170 alunos.

O caso de Rosa Ferreira ainda é mais gritante: Aos 54 anos, a auxiliar passou a maior parte da sua vida a cuidar de escolas e a ajudar alunos quando estão fora das salas de aula.

“Nós somos sempre aquela pessoa com quem eles desabafam se têm um problema. Se não têm comida em casa porque o pai está desempregado é connosco que falam. O assistente operacional (AO) está sempre na primeira linha”, explicou.

Pelos 31 anos de experiência, recebe o salário mínimo.

Além da limpeza dos espaços, são quem garante a abertura da escola, das salas e pavilhões e ainda quem leva os meninos ao hospital quando é preciso.

“Há dias em que trabalho dez horas. Pode parecer pouco, mas dez horas com crianças é muito puxado”, desabafou a funcionária de uma escola na Parede onde cerca de 600 alunos podem contar com a ajuda de dez assistentes operacionais.

A contratação de mais funcionários é uma das revindicações do protesto destes trabalhadores que pedem também aumentos salariais.

“Estes são seguramente os trabalhadores com salários mais baixos”, afirmou Ana Avoila, coordenadora da Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública, lembrando que existem atualmente cerca de 69 mil trabalhadores na função pública que recebem o salário mínimo, entre os quais se encontram os AO.

Entre os AO, “há milhares de pessoas com contratos à hora”, acrescentou.

A criação de uma carreira específica é outra das reivindicações destes trabalhadores que lamentam que uma pessoa que agora comece a trabalhar vá ganhar o mesmo que alguém que está há 20 anos na profissão, afirmou por seu turno Artur Sequeira.