Questionado pelos jornalistas, o Presidente português negou que os dois lhe tenham discutido eventuais implicações do arresto movido pela Procuradoria-Geral da República (PGR) angolana das contas e participações da empresária angolana Isabel dos Santos, que detém interesses em Portugal.
“É uma temática alheia àquilo que tratámos hoje, não me vou pronunciar sobre ela”, referiu após o encontro, à saída do qual o Presidente angolano, João Lourenço, não prestou declarações.
Marcelo disse que “o encontro correu muito bem” e que só houve matérias “sensíveis” no bom sentido da palavra, ou seja, acerca “das boas notícias que há”.
“É um momento único em termos políticos, diplomáticos, económicos, financeiros. Um momento em que verdadeiramente só há boas notícias, ou quase ou a caminho”, referiu, relegando para as declarações dos ministros dos Negócios Estrangeiros quaisquer detalhes.
Os dois chefes de Estado participaram hoje em Maputo, durante a manhã, na tomada de posse do Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, para um segundo mandato.
Durante a tarde, encontraram-se num hotel da capital, primeiro apenas os dois, durante cerca de meia hora, entrando depois o resto das delegações de cada país – incluindo os respetivos chefes da diplomacia – para a continuação da reunião.
“As relações bilaterais são excelentes”, descreveu o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Santos Silva, até para as empresas portuguesas, com “expetativa positiva de participar na agenda de desenvolvimento e no plano de privatizações” de Angola.
Questionado também sobre se foram discutidas questões de justiça, o governante português limitou-se a dizer que foram tratadas “questões que são dos executivos”, sem detalhes.
Santos Silva acrescentou que “as relações político-diplomáticas entre os dois países não podiam ser melhores”.
“As relações económicas entre Portugal e Angola são crescentes, estão muito sólidas e assim vão continuar. Quanto mais sólidas forem as suas bases, mais as relações se desenvolvem e não há que ter nenhum receio nesse propósito”, concluiu.
Manuel Augusto, ministro das Relações Exteriores de Angola, acrescentou que os dois países estão a “beneficiar da troca de visitas ao mais alto nível, em especial no ano passado, e do ambiente que estas visitas criaram”.
O Tribunal Provincial de Luanda anunciou em 30 de dezembro que decretou o arresto preventivo de contas bancárias pessoais de Isabel dos Santos – filha do antigo Presidente de Angola José Eduardo dos Santos -, do marido, Sindika Dokolo, e do português Mário da Silva, além de nove empresas nas quais a filha do antigo Presidente angolano detém participações sociais.
Em Portugal, Isabel dos Santos detém participações em Portugal em setores como a energia (Galp e Efacec), telecomunicações (NOS) e banca (EuroBic).
Na sequência do anúncio da decisão do tribunal, a empresária afirmou que nunca foi notificada ou ouvida no âmbito no inquérito que levou ao arresto das suas contas em Angola, negando as acusações em que é visada num processo que afirma ser “politicamente motivado”.
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