Na Escola Secundária Dona Maria, as aulas começaram hoje mais cedo, às 08:00, devido à pandemia de covid-19 e foram criados mais blocos de manhãs e tardes livres para garantir menos alunos ao mesmo tempo no estabelecimento, mas tal não evitou que durante a manhã se constatasse um grande ajuntamento de alunos à entrada da escola.
No local, a agência Lusa notou uma grande fila perto da entrada no estabelecimento, que se foi adensando à medida que os jovens chegavam.
“O ensino à distância não foi muito bom”, disse à Lusa Nuno Pinto, de 16 anos, admitindo algum receio neste regresso.
Duarte Góis, também de 16 anos, salientou que o maior medo tem que ver com a possibilidade de infetar alguém da família com covid-19.
“Alguns de nós temos famílias com pessoas idosas e isso preocupa-nos”, acrescentou.
Quando questionado um grupo de jovens sobre se achariam que seria possível assegurar o distanciamento físico, um colega de Duarte Góis apenas apontou para a fila que se formava na escola: “Olhe para isto. Acha que é possível?”.
Mafalda Pedrosa, encarregada de educação, estava junto à escola a falar com outros pais e manifestou alguma apreensão com o ajuntamento que se verificou às 08:00.
“É o primeiro dia e é um teste. Temos esperança que resolvam este problema”, disse.
A situação de aglomerações não foi diferente na Escola Secundária Avelar Brotero, a menos de 150 metros da Dona Maria, também registando um ajustamento à entrada, fosse de alunos a entrar ou de grupos que se foram juntando para pôr a conversa em dia.
Também na Escola Secundária José Falcão, registou-se ajuntamento de alunos perto da entrada do estabelecimento.
“Vai ser complicado garantir que as regras são cumpridas”, notou Júlio Gonçalves, de 17 anos, do curso profissional de multimédia.
“Estou com um pouco de medo, mas temos que confiar na escola”, afirmou Magna Custódio, mãe de Allana, de 16 anos, que terá hoje o seu primeiro dia na nova escola, depois de uma experiência de ensino à distância que correu bem, mas que “não se compara” com o ensino presencial.
A diretora da Escola Secundária Dona Maria, Cristina Ferrão considerou que a primeira experiência “correu bem”, mas notou que a escola e os alunos ainda se estão a ajustar a estas novas regras.
Relativamente aos ajuntamentos fora da escola, a diretora referiu que está a pensar em abrir as portas mais cedo, às 07:30, mas recordou que os alunos “podem até nem entrar na mesma”. “Não os podemos obrigar a entrar”, constatou.
Segundo Cristina Ferrão, o trabalho da escola centrou-se em criar horários para garantir menos alunos ao mesmo tempo na escola e a transformação de alguns espaços em salas de aula.
Também a subdiretora da Escola Secundária José Falcão, Isabel Amoroso Lopes, afirmou à agência Lusa que o estabelecimento fez “um esforço gigante” quer para construir horários tendo em conta as normas, quer para transformar espaços em salas de aula.
“Dentro da escola, as coisas estão a correr bem e estão a respeitar as normas. O que me desagradou foi ver um aglomerado de pais e encarregados de educação, a fazerem grandes ajuntamentos à porta da escola e ver algumas pessoas sem proteção”, disse, salientando que a escola, a partir de sexta-feira, vai contar com três entradas para evitar ajuntamentos como aqueles que se verificaram hoje.
Os mais de 1,2 milhões de alunos do 1.º ao 12.º ano estão hoje de regresso à escola para mais um ano letivo, que começa com novas regras para tentar minimizar os impactos da covid-19.
Ao longo desta semana, alguns estabelecimentos de ensino foram reabrindo, sendo hoje o último dia estabelecido pelo Ministério da Educação (ME) para reiniciar as atividades letivas presenciais.
No total, são mais de 5.300 escolas públicas e cerca de mil privadas que neste novo ano seguem um conjunto de regras definidas pelo ME e pela Direção-Geral da Saúde (DGS) devido à pandemia de covid-19.
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