“Existe uma dificuldade em substituir professores em absentismo e este é um problema que se faz sentir agora nas escolas”, afirmou João Costa durante o seminário “Faltam Professores! E Agora?”, que está a decorrer na sede do Conselho Nacional de Educação (CNE), em Lisboa.
Nas últimas semanas cerca de 11.800 alunos passaram a ter todas as aulas, mas ainda há cerca de sete mil que continuam com professores em falta, disse o ministro, salientando o impacto das novas medidas que permitiram o regresso de docentes impedidos de concorrer e a adaptação de horários em horários completos.
João Costa apontou hoje vários problemas para a falta de docentes nas escolas, sendo um deles o “absentismo”, lembrando que ao longo deste ano letivo foram “colocados cerca de 25 mil professores”.
O ministro sublinhou que os níveis de absentismo entre os professores “são semelhantes aos níveis sentidos na restante função pública” e que o maior problema acaba por ser os impactos imediatos da falta de um professor.
“Se um professor fica doente um aluno fica sem aulas. Enquanto, numa repartição, o trabalho acumula para outro dia. Os problemas são diferentes e fazem-se sentir de forma diferente”, disse.
O ME pretende atuar sobre esta matéria, mas quer primeiro perceber quais são os padrões, tendo em conta que “o absentismo tem variações ao longo do ano letivo”, com períodos mais agudos e outros mais calmos, disse João Costa.
“Interessa-nos entender padrões de absentismo para receber se é preciso atuar de forma especifica”, concluiu, acrescentando que a tutela quer também “melhorar os procedimentos de substituição” de docentes.
As declarações de João Costa surgem no dia em que um grupo de especialistas debate, no CNE, de que forma se pode corrigir a falta de docentes nas escolas.
Segundo um estudo realizado pela diretora da base de dados estatísticos Pordata e ex-diretora da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC), Luísa Loura, dentro de três anos a falta de professores poderá atingir cerca de 250 mil alunos, se nada for feito.
A falta de professores prende-se também com o envelhecimento dos profissionais (a maioria tem pelo menos 50 anos), o aumento das aposentações e a pouca procura por cursos que permitiam aos mais novos ingressar na carreira de professor.
João Costa disse que já começaram os trabalhos com as Instituições de Ensino Superior, “que é quem forma os professores”.
“Durante os anos da Troika houve um corte de 28 mil professores no sistema. Foram professores que foram enviados para outras profissões. E, ainda há dois anos, o líder da oposição dizia que há professores a mais”, criticou João Costa, lembrando que o problema da falta de docentes há muito que está diagnosticado.
Uma das entidades que tem chamado a atenção para a falta de professores é o CNE.
“A intenção deste seminário começou por ser uma coisa pequena e começou a crescer. Começámos a entender que a situação é muito mais complexa do que o que parece à primeira vista. E se o problema é urgente tem de ser tratado com essa urgência, como o senhor ministro o está a fazer, mas também é um problema que precisa de medidas de médio e longo prazo”, sublinhou a presidente do CNE, Maria Emília Brederode Santos.
A presidente do CNE lembrou que o envelhecimento da classe não é o problema apenas nacional, mas sim internacional, assim como a falta de professores nas escolas.
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