De acordo com a agência de notícias francesa, a France-Presse (AFP), o escritor, que também se apresenta como cientista político e jornalista, foi multado em 8.400 euros, enquanto o seu editor Damien Serieyx, das Editions du Toucan, foi igualmente considerado culpado e multado em 5.000 euros.
Os dois homens foram ainda condenados a pagar um total de 11.000 euros às várias associações de defesa dos direitos humanos que se associaram como partes civis no processo.
Charles Onana, 60 anos, foi implicado em cerca de vinte passagens do seu livro 'Ruanda, a verdade sobre a operação Turquesa: Quando os arquivos falam'.
Em concreto, afirma que "o conflito e os massacres no Ruanda não têm nada a ver com o genocídio dos judeus" e considera que "a teoria da conspiração de um regime hutu que planeou um ‘genocídio’ [escrito entre aspas no original] no Ruanda constitui uma das maiores fraudes do século XX".
Estes trechos levaram à apresentação de uma queixa, em 2020, pela Survie, a Liga dos Direitos Humanos, e a Federação Internacional dos Direitos Humanos.
O genocídio cometido no Ruanda em 1994, por instigação do regime extremista hutu então no poder, fez cerca de 800 mil mortos entre abril e julho de 1994, principalmente entre a minoria tutsi, mas também entre os hutus moderados, de acordo com os dados das Nações Unidas.
Desde 2017, a lei sobre a liberdade de imprensa pune a negação, a minimização ou a banalização escandalosa de todos os genocídios reconhecidos pela França, e não apenas o dos judeus durante a Segunda Guerra Mundial.
A decisão foi proferida pelo Tribunal Penal de Paris perante uma sala de audiências repleta.
À saída da audiência, alguns dos presentes começaram a entoar slogans de apoio ao autor, tais como “Onana inocente” e “Kagame assassino”, em referência ao atual presidente do Ruanda, Paul Kagame, que governa o país há trinta anos e liderou a rebelião tutsi da Frente Patriótica Ruandesa (RPF).
Os manifestantes foram rapidamente escoltados para fora do tribunal pela polícia, que estava presente em grande número à volta da sala de audiências, noticia ainda a AFP.
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