Tudo começou quando um leitor da revista literária Akhbar al-Adab apresentou uma queixa pela publicação, em agosto de 2014, de um capítulo do romance "O uso da vida", de Ahmed Naji. A razão da queixa prendia-se com o facto de estes fragmentos do romance conterem cenas de sexo, informou à AFP o advogado do autor, Mahmoud Othman. Em janeiro, um tribunal de primeira instância absolveu Naji, mas o Ministério Público apresentou recurso.

Neste sábado, um tribunal avaliou o recurso e condenou o jovem artista a dois anos de prisão por "atentado ao pudor", segundo um funcionário judicial. Presente na audiência, Naji foi detido, mas pode  ainda recorrer da decisão, segundo a mesma fonte.O redator-chefe da Akhbar al-Adab, Tarek al-Taher, foi também condenado a uma multa de 10 mil libras egípcias (cerca de 1.150 euros) pela publicação dos fragmentos.

"O uso da vida" mostra, em tom surrealista, as peregrinações de Bassam, um jovem frustrado que vive no Cairo. Dois famosos escritores egípcios, Sonallah Ibrahim e Mohamed Salmawy, testemunharam no tribunal de primeira instância a favor de Naji. O veredito é "contrário à Constituição, que proíbe penas privativas de liberdade para os artistas julgados por suas obras", disse o advogado do escritor.Mahmoud Othman informou ainda que no primeiro processo "a defesa apresentou romances do património islâmico e árabe que contém expressões similares" às utilizadas por Naji em sua obra.

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