As críticas à presença do monarca espanhol vêm dos setores separatistas, mas há também apelos à despolitização do ato.
Os atentados de Las Ramblas e de Cambrils (Tarragona), a 17 de agosto de 2017, fizeram 16 mortos, entre os quais duas portuguesas, e 120 feridos.
A participação de Felipe VI na cerimónia prevista para a Praça da Catalunha foi anunciada a 3 de agosto pelo primeiro-ministro, Pedro Sánchez, que frisou que o primeiro aniversário dos ataques “exige de todos solidariedade e respeito pelas vítimas e seus familiares”.
Mas, numa região que atravessa um tenso processo político separatista desde outubro, o anúncio da presença do rei foi mal recebido por alguns setores.
O presidente da Generalitat (governo regional da Catalunha), Quim Torra, anunciou no dia seguinte que os catalães não têm rei e que “ainda exigem e esperam” as desculpas de Felipe VI por dar cobertura “à violência contra cidadãos que exerciam o seu direito de voto” no referendo independentista de 1 de outubro (de 2017) no discurso que pronunciou dois dias depois.
Apesar da contestação, os diferentes partidos e entidades separatistas anunciaram uma semana antes dos atos oficiais que não vão organizar protestos contra o rei no dia do ato oficial.
Estas tomadas de posição contra a presença do rei foram criticadas por todos os partidos políticos nacionais e por organizações da sociedade civil.
O porta-voz do Partido Popular (PP) no Congresso, Rafel Hernando, instou partidos e organizações separatistas a deixarem-se de “desvarios políticos” e “delírios independentistas” e “pensem um pouco mais nas vítimas” do terrorismo.
Julio Rodríguez, secretário-geral do Podemos na cidade de Madrid, defendeu que os atos oficiais são uma homenagem às vítimas e devem estar livres de qualquer “conotação política ou de protagonismo pessoal”: “Para falar de outras coisas […] há muitos dias ao longo do ano”.
O Ciudadanos falou através do seu porta-voz no parlamento regional (Parlament), Carlos Carrizosa, que confirmou a presença na cerimónia e acusou as forças independentistas de “aproveitar para erodir o chefe de Estado”, considerando “uma vergonha” que se “instrumentalize um ato contra o terrorismo”.
A associação Amics de La Rambla, que reúne comerciantes e moradores da zona da avenida mais turística de Barcelona, apelou a todos os que mostraram a sua solidariedade com as vítimas ao longo do último ano a participarem na cerimónia, deixando de lado “outros interesses pessoais ou políticos”.
A 17 de agosto de 2017, um homem conduziu uma furgoneta contra os turistas que passeavam na avenida mais turística de Barcelona, matando 14 pessoas, entre as quais duas portuguesas. O mesmo suspeito roubou mais tarde um automóvel, matando o homem que o conduzia.
Horas mais tarde, cinco cúmplices lançaram o automóvel em que seguiam contra pessoas que passeavam na cidade balnear de Cambrils (Tarragona), fazendo um morto.
Os seis autores materiais dos ataques, todos filhos de imigrantes marroquinos com entre 17 e 24 anos, foram mortos pela polícia.
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