A diretora de operações e cofundadora daquela Organização Não Governamental (ONG) será uma das oradoras do 2.º Fórum Internacional GTM - Gaia Todo um Mundo, que decorre entre quinta-feira e domingo em Vila Nova de Gaia, distrito do Porto, este ano com enfoque na cooperação para o desenvolvimento sustentável.

Convidada para intervir no painel sobre "O impacto económico da água e dos recursos hídricos", a especialista, enquanto responsável da Flow Partnership, interveio na recuperação de sete rios na região árida do Rajastão, na Índia, num processo que permitiu combater, também, o êxodo das pessoas.

Considerando Portugal como "um país com muitos rios", Minni Jain frisou ser "também muito seco e árido em muitas partes", para explicar que se os portugueses "começarem a manter a água onde desejam, lentamente os rios recuperarão os seus caudais e tornar-se-ão saudáveis e a correr novamente, mesmo nas regiões secas".

"Os rios são a nossa vida. Se os rios desaparecerem nós também iremos desaparecer. É uma verdade simples de que devemos ter consciência e agir em conformidade", disse a diretora da ONG dando o exemplo de "alguns países que dão aos rios os mesmos direitos dos seres humanos" e para quem "a saúde do rio tem a mesma importância da saúde humana".

À agência Lusa, Minni Jain falou da sua experiência no Rajastão, cujo "trabalho de rejuvenescimento de paisagens áridas e de recuperação dos rios da região foi feito pela comunidade que, ainda hoje, faz a sua manutenção".

"Isso ocorreu quando todos os jovens nas ilhas rumavam às cidades em busca de emprego e prescindindo da agricultura", recordou.

Para trás, frisou a especialista, "ficaram alguns idosos, mulheres e crianças", sendo que foram essas pessoas "que, trabalhando muito, transformaram o desespero em esperança", usando os "procedimentos corretos que permitiram o regresso da água à região e que os rios se recuperassem", relatou.

Pautando a sua ação por uma "constante relação entre a ciência e a espiritualidade", Minni Jain considera que o "saber, conhecer e experimentar são rotas para entender a espiritualidade mais profunda" que "liga o ser humano ao cosmos e a todos os seres vivos".

"Quando estamos em constante diálogo interno com estes, estamos no caminho certo para entender a harmonia entre o mundo natural e os outros seres sensíveis, entendendo-o como um dom que não é apenas para nós, mas algo a ser partilhado e cuidado pelas gerações futuras", explicou.

A diretora da Flow Partnership considera "não haver muita distância entre entendimento e ação" e afirma-se "uma otimista e uma firme crente na circularidade da vida", facto que a faz acreditar que se chegará a "ações que ajudarão o planeta a prosperar".

"Quando perdermos nossa ligação com o mundo natural, ao mesmo tempo perdemos a visão do fato de que todos os produtos e materialismo que procuramos vêm da natureza. Ao perdermos essa noção, pensamos e comportamo-nos como se a matéria-prima fosse ilimitada e pudesse alimentar o crescimento sem limites, que os lucros e a natureza são infinitos", alertou.