Em primeira instância, o veículo tinha sido dado como perdido a favor do Estado, no entanto, segundo o Jornal de Notícias, a mulher, condenada por tráfico de droga, recorreu e agora vai reaver o carro, depois de o Tribunal da Relação de Évora ter ordenado a sua devolução.

De acordo com a publicação, o tribunal considera que a viatura não foi essencial para o crime, argumentando que a arguida poderia ter ido comprar droga a Lisboa de transportes.

O JN refere que desde 2017 que a arguida se dedicava ao tráfico de droga e que adquiria a mesma em Lisboa e voltava para Évora, onde residia e vendia a consumidores ou outros traficantes. Em 2019, a mulher foi detida e foram apreendidas três placas de haxixe que se encontravam escondidas no forro do assento do carro, bem como o telemóvel e o veículo.

Em tribunal, a arguida admitiu os factos e argumentou que necessitava de "compor o orçamento familiar".

Foi condenada pelo Tribunal de Évora a quatro anos e oito meses de pena de prisão efetiva, que ditou a perda a favor do Estado do telemóvel e do carro. A mulher recorreu, pediu a redução da pena e a anulação da perda do carro, alegando que havia sido comprado de forma lícita e não havia perigo de ser usado para crimes, pois estava presa.

Quanto à pena, os juízes do Tribunal da Relação de Évora consideraram que a pena era adequada, perante os antecedentes criminais, mas no que fiz respeito ao carro, decidiram devolvê-lo à arguida, por entender que não ficou comprovado que o veículo tivesse sido comprado com dinheiro do tráfico nem ficou provada a sua "utilização reiterada, habitual ou frequente do veículo na atividade de tráfico".

De acordo com os juízes, tendo em conta a quantidade e volume de droga, a arguida podia "ter-se deslocado a Lisboa, transportado e ocultado o produto estupefaciente, de outra forma, v.g. utilizando transportes públicos e dissimulando o estupefaciente no vestuário que usasse ou em alguma mochila ou saco que utilizasse". Não havendo assim a "relação de causalidade adequada" exigida pelo Supremo Tribunal de Justiça para se declarar a perda do carro, foi ordenada a restituição do mesmo à arguida.

Outro processo que ainda se encontra pendente é o do traficante que requer em tribunal a restituição do BMW série 7, que foi apreendido e que esteve envolvido num acidente fatal ao serviço do Estado e no qual se encontrava o ministro da Administração Interna.