"Não pode haver tolerância" afirmou hoje o presidente do Chega reiterando que é "preciso que a polícia atue e faça o seu trabalho sem medo" e prevê mais uma noite de distúrbios, na sequência da morte de um suspeito envolvendo a PSP.

"Temos de refletir como é que contemos esta bandidagem, estamos a refletir como é que a polícia deve fazer o seu trabalho" - afirmou André Ventura aos jornalistas.

"Os polícias foram atacados com uma arma branca. Sabemos que a polícia deu uma ordem legítima, porque é uma ordem legítima da autoridade para parar. E ele não parou, e mesmo assim seguiu o seu caminho. Eu acho que este homem fez o que tem de ser feito. Nós hoje, infelizmente, temos o testemunho de muitos polícias que acabam por ter medo de agir, que acabam por ter medo de atuar, precisamente com medo de processo disciplinar, com medo que depois venham dizer que não fizeram bem, com medo que tenham agido desproporcionalmente. Este homem atravessou-se, com o salário miserável que tem" - disse.

Ventura revela que não acredita ter havido uso excessivo de força: "Não creio que tenha havido. (...) Acho que a polícia agiu de forma proporcional."

O líder do partido de extrema-direita alertou para o facto de haver hoje "outra noite difícil" nos principais bairros de Lisboa e nos bairros problemáticos à volta de Lisboa, de Porto, de Braga. Ou nós damos um sinal político, a esta hora, de que estas pessoas têm margem zero e a tolerância zero, ou arriscamos outra noite de conflito, outra noite de turbulência e outra noite de desacato. Não pode haver tolerância. Hoje não pode haver tolerância."

André Ventura defende que "os primeiros processos não são contra os bandidos, são contra a polícia. As primeiras notícias não são contra os bandidos, são contra a polícia. Com todo o respeito, e vocês sabem que é muito, que eu tenho pelos órgãos de comunicação social, eu hoje vi uma notícia, que não sei se é de um órgão que está aqui, até penso que não, que dizia, bairro multiétnico às portas de Lisboa com confrontos pela morte de um homem bondoso. Vamos lá, por amor de Deus! Quer dizer, por amor de Deus, as pessoas têm olhos, têm cabeça, pensam pela própria cabeça. Homem bondoso, bairro multiétnico. Um bairro que incendiou autocarros, que partiu tudo. Quer dizer, ou nós passamos a falar a língua das pessoas, ou parece que anda meio país a viver numa bolha intelectual, e a outra anda lá fora. Isto é bandidagem, bandidagem pura."

Sobre a eventual intervenção militar nos distúrbios, Ventura defende que não acredita ser neccessário mas que "é preciso que a polícia tenha a autoridade para agir. E é preciso que os políticos, somos nós, lhes digamos, atuem, façam o vosso trabalho e façam o vosso trabalho sem medo. Não é sem respeito pela lei. É sem medo."

"Nós estaremos hoje com toda a força na rua, a bandidagem não será tolerada, e nós faremos tudo para os pôr na prisão. Isto era o que eu dizia se fosse Ministro da Administração Interna, e tenho a certeza de uma coisa, não havia um tipo a sair de casa hoje para fazer mal. Vamos não ouvir a Ministra no Parlamento."

Rui Rocha diz que "há demasiados abutres na política portuguesa"

O presidente da Iniciativa Liberal pede ao Estado que "reponha imediatamente a ordem" e afirma que "há abutres na política." O líder da Iniciativa Liberal disse hoje que "há demasiados abutres na política portuguesa. Não podemos dizer que alguém é culpado ou inocente. É evidente que o polícia tem direito à presunção de inocência" mas o que aconteceu tem de ser apurado."

"O Estado não deve desbaratar recursos no que é acessório. Os cidadãos não sentem a presença dos meios do Estado e acrescenta que a polícia "se dedica demasiado a trabalhos administrativos" - afirmou Rui Rocha.

Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, o presidente da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, defendeu que “não é aceitável” e “não é possível assistir a um conjunto determinado, voluntária, de emboscadas à polícia, motins, tentativas de pôr em causa a ordem pública de forma generalizada”.

O líder liberal reagia aos desacatos registados, nos últimos dias, no Zambujal e noutros bairros da Área Metropolitana de Lisboa, onde foram queimados dois autocarros, automóveis e caixotes do lixo, e detidas três pessoas. Dois polícias receberam tratamento hospitalar devido ao arremesso de pedras e dois passageiros dos autocarros incendiados sofreram esfaqueamentos sem gravidade.

Rui Rocha, questionado sobre se defende um reforço policial no país, respondeu afirmativamente e afirmou que Portugal "tem uma polícia que se dedica demasiado a questões administrativas, com poucos meios, com poucos recursos” e que “este é o momento do Estado decidir onde deve estar e aquilo que não deve fazer, porque há outros que fazem melhor”.

O líder liberal apelou ainda a que o Estado “intervenha de forma decidida e reponha imediatamente a ordem”, referindo que não pode “haver cidadãos condicionados nos seus direitos com sensação de insegurança como tem acontecido nas últimas horas”.

“O meu desafio aqui é ao Governo que seja decidido, que seja incisivo e que reponha imediatamente a ordem”, pediu.

O líder da IL disse ainda que “há demasiados abutres a pairar na política portuguesa” que “não estão a contribuir para a solução desta situação”, concretizando que se referia ao Chega e ao Bloco de Esquerda, afirmando que é prática do partido de André Ventura dizer que os “polícias têm sempre razão” e que que os bloquistas têm a “prática de dizer que a polícia nunca tem razão”.

“Eu uso com propriedade a designação. Abutres. Precisamos de mais ponderação, precisamos de um Estado mais rigoroso, precisamos de mais sentido de Estado em todas as matérias. Eu nunca vi um abutre a solucionar uma situação. Nunca vi. Os abutres alimentam-se do caos e da desordem. É natural, portanto, que promovam o caos e a desordem e não que os queiram solucionar”, atirou.

PSD apoia as forças de segurança e condena posições políticas extremas

Hugo Soares afirma que o PSD e o Governo quer "dar apoio às forças de segurança"  e afirma que há aproveitamento políticos de alguns parttidos.

Os desacatos têm sucedido desde segunda-feira após a morte de um homem baleado pela PSP. Odair Moniz, de 43 anos, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, na Amadora, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.

Segundo a direção nacional da PSP, o homem pôs-se “em fuga” de carro depois de ver uma viatura policial na Avenida da República, na Amadora, e “entrou em despiste” na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, “terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca”.

A ministra da Administração Interna confirmou esta manhã que há três detidos na sequência de "distúrbios inadmissíveis" em várias zonas da grande Lisboa, e garantiu que o Governo está a acompanhar a situação em permanência. Segundo Margarida Blasco, realizou-se esta noite uma reunião de urgência do Sistema de Segurança Interna, mas recusou adiantar se haverá algum reforço de meios.

PSD e CDS elogiaram hoje a ação desenvolvida pelas forças e serviços de segurança para a reposição da ordem pública em várias zonas da periferia de Lisboa e condenaram extremismos e aproveitamentos políticos da situação.

Estas posições foram transmitidas pelo líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, e pelo deputado do CDS João Almeida no parlamento sobre desacatos que têm ocorrido desde segunda-feira em várias zonas da área metropolitana de Lisboa, designadamente Carnaxide (Oeiras), Casal de Cambra (Sintra) e Damaia (Amadora), após Odair Moniz, de 43 anos, ter sido baleado por um agente da PSP.

Hugo Soares deixou primeiro uma “palavra de solidariedade a todos os moradores dos bairros que estão a ser afetados pelos desacatos que têm acontecido nos últimos dias, com perturbação da paz e da ordem pública”.

“Não confundimos nem generalizamos aqueles que são os atores destes desacatos, que devem ser chamados à lei e à justiça, com os moradores destes bairros - pessoas que querem continuar a sua vida, pessoas que vivem em Portugal e que querem, evidentemente, paz e segurança à volta das suas casas”, acentuou.

O presidente do Grupo Parlamentar do PSD considerou a seguir que “as forças e os serviços de segurança atuam sempre no quadro da legalidade” e “sempre que há excecionalidades elas devem ser investigadas” – uma alusão à situação do agente da PSP que baleou mortalmente e que já foi constituído arguido.

 “Mas este é o momento de prestar a nossa gratidão às forças e os serviços de segurança que estão no terreno a acautelar a segurança, a paz pública, a ordem e a reposição das condições de normalidade”, afirmou.

A seguir, o líder da bancada social-democrata condenou tentativas de aproveitamento político deste caso.

“A responsabilidade de quem tem funções públicas e políticas, de quem representa a órgão de soberania, como é a Assembleia da República, não deve ser compaginável com declarações como aquelas que temos ouvido. É realmente verdade aquilo que muitas vezes se diz e que eu queria aqui repetir: Os extremos políticos tocam-se, efetivamente”, disse, numa crítica indireta dirigida a representantes do Bloco de Esquerda ou do Chega.

João Almeida falou aos jornalistas imediatamente a seguir ao líder parlamentar do Bloco de Esquerda, Fabian Figueiredo, e reagiu: “Assisti, aqui, a declarações que nunca tinha visto num órgão de soberania para se incitar à violência e ao ódio”.

“É exatamente isso que um político não deve fazer. Um político deve ter a serenidade de perceber que o que temos de fazer é manter o distanciamento para podermos proteger as populações e agir de uma forma responsável. Os irresponsáveis podem falar muito alto, mas não têm razão”, declarou.

Perante os jornalistas, João Almeida salientou que se tem assistido a “atos de vandalismo inaceitáveis” e adiantou que aqueles que contribuíram para esses atos “devem ser severamente punidos”.

“Quem, neste momento, tendo responsabilidades políticas, faz discursos inflamados - seja em que sentido for -, estigmatizando aqueles que estão envolvidos na situação, generalizando situações que não são generalizáveis, é responsáveis por aquilo que está a acontecer e é responsáveis pela dificuldade que as forças de segurança têm no terreno para repor a ordem pública”, acusou o deputado do CDS.

CDS considera que todos os extremos "estao do lado da desordem"

Pela parte do CDS, segundo João Almeida, ninguém contribuirá “para alimentar aquilo que, neste momento, obviamente, só interessa a quem seja extremista e a quem não defenda, em primeiro lugar, a lei e a ordem - algo que, para nós, é essencial e que defenderemos sempre como prioritário”.

“Considero que, quando há extremos, estão todos do mesmo lado, estão do lado da desordem e, portanto, não caracterizo os extremos que são deste ou se são daquele lado”, acrescentou.

PS acusa Governo de descontinuidade em serviços de integração e inclusão
Alexandra Leitão acusou o primeiro-ministro de nao ter dadp "uma palavra" sobre os distúrbios. A líder parlamentar do PS afirmou hoje que tem de haver intervenção em duas linhas de ação: "garantir a segurança" e a atuação junto das pessoas "estimáveis" dos bairros que "reagiram e devem ser acompanhadas".
A deputada socialista lamentou que o Governo tenha descontinuado projetos de "integração e exclusão", especificando o projeto social "Bairro Saudável".

PCP exige uma "intervenção policial adequada" e apela à calma

António Filipe disse que o PCP exige um esclarecimento cabal do que aconteceu na morte de um cidadão na intervenção policial e que as circunstâncias têm de ser apuradas.

"Importa fazer um apelo à calma, repudiar qualquer ato de violência e adequar o comportamento concreto e adequado das forças de segurança", considera o deputado fo Partido Comunista Português.

Livre critica ministra por acicatar ânimos e quer ouvi-la no parlamento

O Livre criticou a reação da ministra da Administração Interna aos distúrbios ocorridos em vários bairros da periferia de Lisboa, considerando que podem “acicatar ânimos” e adiantou que pretende ouvi-la em breve no parlamento.

Esta posição foi transmitida hoje pelo deputado do Livre Paulo Muacho, na Assembleia da República, após a ministra Margarida Blasco, à margem da Cimeira Luso-Espanhola, em Faro, ter classificado como “inadmissíveis" os distúrbios registados após Odair Moniz, de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, ter sido baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira.

“Entendemos que este não é o momento de acicatar os ânimos, não é o momento de a própria ministra estar a utilizar uma linguagem de força bruta e de reposição à força da ordem pública. Deve haver a capacidade de a situação serenar e é preciso também perceber o que está a falhar”, contrapôs o deputado do Livre.

Ainda em relação à ministra da Administração Interna, Paulo Muacho avançou que o Livre, “logo que se consigam apurar mais algumas circunstâncias” deste caso, irá chamar Margarida Blasco ao parlamento para esclarecer “o que é que efetivamente aconteceu” desde o momento em que Odair Moniz foi morto por um agente da PSP.

Perante os jornalistas, referiu que “há relatos que não são novos, que não são de agora, de situações que acontecem há muitos anos, de moradores, de associações locais, de movimentos sociais que denunciam de forma frequente a utilização de força excessiva, desproporcional, pelas polícias nestes bairros”.

Antes, o deputado do Livre salientou que “um cidadão faleceu em circunstâncias que ainda não foram apuradas e que deixou filhos”, adiantando que o seu partido esperará pelas conclusões do apuramento dos factos pela Inspeção Geral da Administração Interna (IGAI).

 “Está a ser também noticiado que a polícia terá entrado na casa da viúva e terá arrombado a porta. O Livre vai apresentar uma pergunta para perceber os contornos desta situação, para perceber exatamente o que é que se pretendia com esta entrada no domicílio, onde estava a viúva e onde estavam várias pessoas em luto. É preciso que se apurarem também as circunstâncias em que isso aconteceu, se efetivamente aconteceu”, acrescentou.

Os desacatos têm sucedido desde segunda-feira após a morte de um homem baleado pela PSP. Odair Moniz, de 43 anos, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, na Amadora, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.

Segundo a direção nacional da PSP, o homem pôs-se “em fuga” de carro depois de ver uma viatura policial na Avenida da República, na Amadora, e “entrou em despiste” na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, “terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca”.