Pela segunda vez, os estudantes portugueses aderiram à greve climática estudantil internacional, que hoje se realizou em mais de 100 países e que em Portugal se alargou a 51 localidades.
A estudante Alice Vale de Gato disse à Lusa que em Lisboa terão aderido "12.000 a 13.000 estudantes" ao protesto, que tem nova data marcada para setembro.
No manifesto que leram em frente à escadaria da Assembleia da República, onde terminou uma marcha iniciada na rotunda do Marquês de Pombal, os estudantes voltaram a exigir a declaração de emergência climática, a meta da neutralidade carbónica até 2030 e "uma enorme vontade política" aos decisores europeus e portugueses.
Beatriz Farelo, outra das organizadoras, afirmou que a meta para o próximo protesto é "conseguir consenso com sindicatos, professores e ainda mais alunos" para que a greve seja geral.
Sofia Oliveira defendeu que são necessários políticos "que tomem decisões sabendo que há uma crise climática".
"Precisamos que o governo português deixe de ser cobarde e declare o estado de emergência climática agora", declarou, desvalorizando a declaração do ministro português do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, que na semana passada afirmou no parlamento que a emergência climática é apenas simbólica e que Portugal já faz mais pelo ambiente do que os dois países que a declararam, a Irlanda e o Reino Unido.
"Se é apenas simbólica, porque não declará-la e tomar medidas que tenham um impacto positivo?", questionou.
Beatriz Farelo referiu o encerramento das centrais elétricas a carvão de Sines e do Pego e o fim das concessões para prospeção de combustíveis fósseis como prioridades.
Os estudantes têm noção do impacto no emprego e defendem que os trabalhadores das indústrias mais poluentes têm lugar em empregos com sustentabilidade ambiental.
"Somos aqueles que lutam pela justiça climática, somos muito mais do que uma greve estudantil", declarou Alice Vale de Gato ao megafone perante vários milhares que terminaram a marcha em frente a São Bento.
Acrescentou que durante a tarde vai haver mais atividades junto à Assembleia para os manifestantes combinarem ações futuras, conviverem e prepararem a vigília que começará às oito da noite e acabará às sete da manhã, uma ação que se tem repetido às sextas feiras desde o início do mês.
Milhares de jovens de mais de uma centena de países, incluindo de meia centena de localidades de Portugal, fazem hoje greve às aulas para protestar contra a inação dos governos em relação às alterações climáticas.
O movimento dos jovens tem origem numa estudante sueca, Greta Thunberg, que no verão passado começou sozinha uma greve às aulas, manifestando-se em frente ao parlamento sueco.
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