Numa ronda feita pela Lusa pelas universidades da capital angolana, a poucos dias da abertura oficial do ano letivo de 2017 no ensino superior em Angola (março a dezembro), foi possível encontrar preços de propinas mensais (10 meses) que variam entre os 26.000 e os 36.000 kwanzas (148 a 205 euros).
“Não é um preço acessível. Para nós que não trabalhamos e dependemos de alguém que nos pague, o preço está um pouco puxado”, contou à Lusa Gilson Domingos, que vai frequentar o a partir de março o 1.º ano do Curso de Ciências da Comunicação na Universidade Independente de Angola (UNIA).
A UNIA ministra 12 cursos de licenciaturas nas áreas das engenharias e ciências sociais, cobrando mensalmente uma propina, respetivamente, de 33.000 kwanzas (148 euros) e de 27.500 kwanzas (156 euros).
“A qualidade de ensino aqui é boa e a mensalidade é acessível ao meu bolso. Como não trabalho, serão os pais a custear os meus estudos”, contou, por seu turno, Maura António, candidata ao curso de direito.
Angola vive uma profunda crise financeira e económica decorrente da quebra nas receitas da exportação de petróleo e só no último ano a inflação disparou mais de 40%, o que também tem levado a sucessivos aumentos, anualmente, no valor das propinas cobradas.
Contudo, no setor público, os salários não acompanharam o agravamento do custo de vida, sendo mais grave o caso do salário mínimo. Dependendo do setor de atividade, o salário mínimo nacional em Angola está fixado desde 2014 entre os 15.000 e os 22.000 kwanzas (85 a 125 euros).
A Universidade Agostinho Neto, a maior pública do país, que funciona em Luanda, disponibilizou apenas 5.385 vagas para 50 mil candidatos, daí que grande parte dos estudantes que não conseguiram ingressar naquela instituição procurem agora condições para suportar as despesas no privado.
Frequentavam o ensino superior em Angola no ano letivo de 2016 mais de 200.000 estudantes.
Noutro ponto da capital, o Instituto Superior Politécnico Metropolitano de Angola (IMETRO) funciona com licenciaturas nas áreas de ciências tecnológicas e engenharia, com sete cursos, nas ciências humanas, educação e artes, com cinco cursos, e nas ciências económicas e gestão, igualmente com cinco cursos este ano.
Por mês cada estudante paga até 31.000 kwanzas (176 euros) de propinas.
Ana Castelo Branco, inscrita no curso de administração de empresas, reconhece o esforço financeiro que os pais vão ter de fazer, mas garante confiança: “Eles estão preparados para suportar as despesas anuais do curso, é uma instituição que está legalizada e tenho informações que os professores aqui são excelentes”.
O IMETRO dispõe de programas de estágio, biblioteca com mais de 14.000 exemplares, quadra desportiva, parque de estacionamento, laboratórios, capelania e psicologia, condições que satisfazem a candidata ao curso de gestão pública, Keura Lucrécia.
“Tenho condições para pagar as propinas anuais e vale a pena pagar porque a instituição tem condições que satisfazem”, garantiu.
Já na Universidade Gregório Semedo (UGS) as propinas mensais estão fixadas em 32.200 kwanzas (182 euros) para todas as licenciaturas, desde direito, a comunicação empresarial e línguas, economia, arquitetura ou engenharia civil.
“Estou a avaliar os preços, que não são de todo baratos, mas terei de apertar o cinto para custear a universidade” contou Paulo Kiambata, que busca por uma vaga na UGS, após não conseguir ingresso à universidade pública, tal como milhares de colegas.
Estes valores são em regras seguidos noutras instituições de ensino superior privado em Luanda, como as universidades Católica de Angola ou a Metodista de Angola, com propinas mensais que chegam aos 36.000 kwanzas (205 euros) em 2017.
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