Em declarações à agência Lusa, Elisabete Alves, investigadora do ISPUP, explicou hoje, dia em que se celebra o Dia Mundial da Prematuridade, que o estudo, publicado na revista Journal of Clinical Nursing, pretendia avaliar o nível de conhecimento dos pais sobre a prevalência, causas e consequências da prematuridade (bebés nascidos antes das 32 semanas de gestação).
“A ideia era perceber até que ponto os pais têm conhecimento sobre a prematuridade e de que forma é que achamos que, ao dar mais conhecimento, podemos empoderá-los melhor e assim também contribuir para uma melhor prevenção e gestão da prematuridade”, afirmou.
O estudo, que teve por base um inquérito 'online' e incluiu 196 casais portugueses, concluiu existirem “lacunas” em determinadas áreas do conhecimento sobre a prematuridade, nomeadamente quanto à sobrestimação da prevalência de partos prematuros, nível socioeconómico enquanto fator associado às causas e aos problemas comportamentais associados às consequências.
Segundo a investigadora, a maioria dos inquiridos apontaram uma estimativa “oito vezes superior” à prevalência de nascimentos prematuros verificados em Portugal.
Apesar de a maioria dos participantes terem identificado as principais causas clínicas para a ocorrência de um parto prematuro (complicações da placenta, desordens hipertensivas, gestação múltipla), essa maioria não conseguiu fazê-lo em relação às características comportamentais e sociodemográficas associadas à prematuridade.
“Ainda que reconheçam bem as principais causas clínicas, seria importante que os pais reconhecessem todas as causas da prematuridade”, referiu Elisabete Alves, acrescentando que apenas 24,2% dos participantes indicaram o baixo estatuto socioeconómico como uma das causas associadas a um nascimento prematuro.
No que às consequências de um nascimento prematuro concerne, mais de 80% dos pais identificaram complicações cardíacas e dificuldades respiratórias, no entanto, reconheceram menos frequentemente problemas comportamentais e dificuldades cognitivas no desenvolvimento destas crianças.
“Esperaríamos que o conhecimento fosse muito mais elevado, se replicarmos este estudo na população em geral, imagino que o conhecimento quer da prevalência, [como de] causas e consequências seja ainda mais baixo”, considerou.
Elisabete Alves afirmou que os resultados deste estudo podem contribuir para o “desenho de estratégias para a saúde” que contribuam para que as famílias consigam gerir a prematuridade de forma “mais autónoma e empoderada”.
“É importante perceber quais as barreiras para a obtenção deste conhecimento, uma vez que eles já passaram por esta situação. A transmissão de conhecimento deve ser uma dimensão da prestação de cuidados, mas, muitas das vezes isso não é considerado desta forma”, afirmou.
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