O estudo que vai avaliar a função respiratória de uma amostra da população dos concelhos de Pedrógão Grande, Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos está integrado no projeto de intervenção em saúde pública e é realizado no cumprimento de uma Resolução do Conselho de Ministros.
Segundo João Pedro Pimentel, Delegado de Saúde Regional e diretor do Departamento de Saúde Pública da ARSC, o estudo global tem um prazo de 24 meses e pretende monitorizar os efeitos e os danos causados na saúde das populações expostas ao incêndio e decorrentes da exposição ambiental, em questões relacionadas com a água, a alimentação e o ar.
O responsável disse hoje à agência Lusa que o estudo da função respiratória será efetuado “através da realização de dois exames muito simples, os exames da espirometria e o raio x do tórax, através da escolha de uma amostra representativa da população”.
“É, naturalmente, um estudo que exige o consentimento informado, a explicação às pessoas para que é serve um estudo deste tipo, etc. E, portanto, também é muito importante verificarmos do eventual aparecimento de alterações na função respiratória de uma população exposta a incêndios deste tipo e desta dimensão”, explicou.
O projeto, que envolverá uma amostra de 300 pessoas dos concelhos de Pedrógão Grande, Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos poderá ser alargado, numa segunda fase, a outros municípios atingidos pelos incêndios de outubro.
“Primariamente, a amostra foi escolhida para os três concelhos afetados, mas estamos a estudar a hipótese de, como os efeitos dos incêndios podem ser sobreponíveis em outras populações que mais tarde tiveram incêndios do mesmo tipo, estou a falar dos incêndios de outubro, estamos a pensar também estender a amostra, e isso carece ainda de alguma ponderação, a alguns destes concelhos representativos destes incêndios, mas ainda não fizemos os contactos que urge fazer com as autarquias e etc.”, adiantou o Delegado de Saúde Regional.
O estudo, que é feito pelo Departamento de Saúde Pública da ARSC em parceria com o Instituto Nacional Ricardo Jorge, será realizado “na observação de todos os requisitos legais e éticos”, garantiu João Pedro Pimentel.
No âmbito do projeto de intervenção em saúde pública, a ARSC está a monitorizar a qualidade das águas e dos alimentos habitualmente consumidos pela população dos referidos concelhos.
Em relação às águas que abastecem as populações, uma primeira avaliação feita em julho apontou que “não houve impacto” na qualidade das mesmas.
Foram também já feitos estudos de alguns alimentos para eventualmente determinar o potencial contaminante provocado pelos incêndios na cadeia alimentar e os primeiros resultados preliminares “não apontam para alterações significativas”, segundo João Pedro Pimentel.
Nos dois próximos anos, a ARSC também vai acompanhar a morbilidade e a mortalidade, “comparando através dos registos dos médicos de família, as situações de doença ou de morte ocorridas na população destas áreas afetadas dos incêndios com os dois anos precedentes”, adiantou.
O estudo da morbilidade permitirá ou não associar as doenças e as mortes com eventuais contaminantes ambientais originados pelos fogos.
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