Divulgado pelo secretário de Estado, Antony Blinken, na quarta-feira, o 25º Relatório Anual sobre Liberdade Religiosa Internacional afirmou que as garantias constitucionais da China à liberdade religiosa são obstruídas por regulamentos que “exigem que o clero jure fidelidade ao Partido Comunista”.
O documento afirmou que as autoridades chinesas iniciaram recentemente uma campanha para fazer cumprir esses regulamentos, depois de ter sido emitida uma “medida administrativa” em setembro de 2023.
De acordo com a medida, todos os locais de culto devem “defender a liderança do Partido Comunista, implementar o ‘Pensamento de Xi Jinping sobre o Socialismo com Características Chinesas’ e promover a sinificação da religião”, destacou o relatório.
Os que não cumprem são “torturados, maltratados fisicamente, presos, detidos, condenados à prisão, sujeitos a doutrinação forçada (…) ou desaparecem”, acrescentou a mesma fonte, observando que as acusações ou denúncias contra os fiéis são frequentemente “vagas ou insubstanciais”.
A “falta de transparência” das autoridades chinesas torna impossível discernir os números exatos de detenções e prisões, mas “as estimativas das pessoas presas durante o ano [2023] devido às suas crenças religiosas variaram entre os poucos milhares e mais de 10.000”.
Um pouco mais de metade dos chineses são ateus ou não são afiliados à religião, indicou o Departamento de Estado, enquanto 18,2% da população se identifica como budista, 5,1% como cristã, 1,8% como muçulmana e 21,9% segue religiões populares.
Apenas cinco religiões – budismo, taoismo, islamismo, protestantismo e catolicismo – são oficialmente reconhecidas na China e autorizadas a serem praticadas abertamente, o que deve ser feito sob a bandeira de grupos aprovados pelo Estado e vigiados pelas autoridades.
No lançamento do relatório, Blinken condenou a intensificação da sinificação forçada dos budistas tibetanos na China e o “genocídio e os crimes contra a humanidade que a China está a cometer contra uigures predominantemente muçulmanos em Xinjiang”.
Isto faz parte de uma campanha mais ampla para forçar os chineses membros de minorias étnicas a assimilarem-se ao que Pequim considera ser a cultura dominante.
No ano passado, as autoridades chinesas proibiram, por exemplo, que os estudantes tibetanos falassem a sua língua materna e proibiram-nos de frequentar aulas particulares fora do sistema de ensino público.
O porta-voz da Embaixada da China em Washington, Liu Pengyu, considerou as conclusões do relatório infundadas e acusou o Departamento de Estado norte-americano de tentar interferir nos assuntos internos chineses.
“O Governo chinês protege a liberdade de crença religiosa dos cidadãos de acordo com a Lei. As pessoas de todos os grupos étnicos na China têm pleno direito à liberdade de crença religiosa, tal como previsto na lei”, afirmou Liu, acrescentando que a China tem “quase 200 milhões de crentes religiosos”.
“Apelamos às partes interessadas para que deixem de utilizar as chamadas questões religiosas para se imiscuírem nos assuntos internos da China”, acrescentou o porta-voz.
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