"Falando com os membros da comunidade após as eleições, parece que estão muito divididos. Aqueles que apoiaram Hillary ainda apoiam Hillary, e aqueles que apoiaram Trump ainda apoiam Trump - isso não mudou", disse à Lusa Gabriel Marques, conselheiro da área de Nova Iorque.
Em Massachusetts, Paulo Martins disse que nas semanas que se seguiram à eleição os apoiantes de Hillary Clinton esperaram que Donald Trump atuasse de forma mais presidencial, mas que essa esperança desapareceu.
"Há um sentimento geral de que as coisas não vão mudar. As pessoas esperaram que algo mudasse e, ao verem que não está a acontecer, ficam desapontadas", explicou.
Essa impressão é confirmada por uma sondagem da CNN, divulgada esta semana, segundo a qual 53 por cento dos americanos acreditam que o comportamento de Trump desde o dia da eleição os deixa menos confiantes na sua capacidade de assumir a presidência.
Segundo a mesma sondagem, o empresário vai assumir a presidência dos EUA esta sexta-feira com uma taxa de aprovação de apenas 40 por cento, a mais baixa de entre os presidentes mais recentes e 44 pontos abaixo dos valores de Barack Obama há oito anos.
Paulo Martins disse acreditar que os apoiantes de Trump continuam satisfeitos, mas que no resto da sociedade "há um clima de medo e mal estar" causado pela imprevisibilidade dos próximos quatro anos.
Gabriel Marques, que é formada em direito e trabalha como professor de economia, explicou que "as preocupações mais imediatas vêm daqueles que são indocumentados ou temporários, pois estão inseguros e têm medo do que o futuro vai trazer".
João Pacheco, conselheiro na Nova Inglaterra, disse que a notícia da vitória republicana ainda é comentada "com surpresa" e que apesar dos últimos dois meses "as expectativas ainda são de que o Presidente eleito mude de atitude logo no primeiro dia da sua administração".
"Há um certo ceticismo [em relação] àquilo que de mais radical disse que ia fazer enquanto presidente dos EUA", considerou o conselheiro.
Gabriel Marques disse acreditar, no entanto, que "o foco de Trump mudou-se da imigração para relações internacionais e desenvolvimento económico desde as eleições".
"As suas promessas de expansão de infraestrutura, industrial e agrícola são extremamente significativas e bem-vindas para as centenas de milhares de portugueses que atualmente trabalham nessas indústrias", defendeu.
Para o conselheiro, essa mudança de foco contribui para que "muitos aceitem que Trump é agora o Presidente dos Estados Unidos e apoiem os resultados das eleições e o processo democrático", apesar dos relatos de interferência russa.
Marques disse que "o partido democrata parece estar em fase de ajustamento após as eleições", mas "muito unido na sua resistência a Trump".
"Cabe ao partido Democrata desafiar as políticas de Trump e proteger os interesses da metade do país [que não votou nele}. Quanto mais organizada for essa estratégia, melhor será para o país", disse.
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