Mark Esper censurou a Turquia, acrescentando que aquele país está a seguir “por um caminho errado” ao aproximar-se da Rússia e não dos aliados europeus.
Na terça-feira, o Presidente russo, Vladimir Putin, e o turco, Recep Tayyip Erdogan, chegaram a acordo para criar uma zona se segurança no nordeste da Síria, promovendo patrulhas conjuntas.
“A Turquia colocou-nos a todos numa situação terrível”, disse o secretário da Defesa numa conferência organizada em Bruxelas pelo centro de estudos German Marshall Fund, antes de participar na reunião de ministros da Defesa da NATO que se realiza hoje e na sexta-feira e em que a questão será abordada.
“Acho que o ataque foi injustificado, [mas] o Presidente Erdogan estava obcecado em fazê-lo, por uma razão ou outra”, criticou.
Apesar disso, Mark Esper admitiu que não era possível “iniciar uma guerra” com um membro da NATO, como é a Turquia, acrescentando mesmo que considera que a Turquia é “um bom aliado” da Aliança do Atlântico Norte desde que entrou para a organização de defesa, em 1952.
O secretário de Defesa norte-americano deixou, no entanto, um aviso, afirmando que a Turquia está a seguir “um caminho errado” em relação à Aliança.
“Temos visto, em relação a várias questões, [o Presidente turco] aproximar-se mais da órbita da Rússia do que da Europa Ocidental. Acho que é lamentável e que devemos trabalhar para fortalecer a nossa parceria com a Turquia e garantir que volte a ser o aliado forte, fiável e responsável que foi no passado”, defendeu.
A Turquia lançou em 09 de outubro uma ofensiva no norte da Síria, batizada de “Fonte de paz”, que visava as milícias curdas da Unidades de Proteção Popular (YPG, na sigla original), considerada terrorista pelo Governo de Ancara.
A ofensiva turca aconteceu depois de, a 05 de outubro, a Casa Branca ter anunciado que as tropas dos EUA estacionadas na Síria seriam retiradas da fronteira com a Turquia, já que este país iria “em breve” desencadear uma intervenção militar no norte da Síria.
“As forças americanas não apoiarão nem se envolverão na operação e as forças americanas, que derrotaram o Estado Islâmico (…) não estarão mais nas imediações”, disse na altura a Casa Branca.
Hoje, Mark Esper sublinhou que a retirada das tropas norte-americanas da Síria só aconteceu depois de ter “ficado muito claro” que Erdogan estava prestes a lançar a ofensiva e insistiu que os Estados Unidos “não vão começar uma discussão com um aliado da NATO”.
Questionado sobre a proposta da ministra alemã da Defesa, Annegret Kramp-Karrenbauer, de criação de uma zona de segurança sob mandato da ONU na fronteira entre a Síria e a Turquia, o responsável pela Defesa norte-americana disse que ainda não tinha analisado “detalhadamente” a questão.
“O que sei é que as propostas de ter parceiros europeus a fazer patrulhas conjuntas neste corredor parece-me boa ideia”, disse, sublinhando que já há algum tempo que os Estados Unidos têm pedido aos aliados europeus para ajudar a melhorar a segurança nessa parte do mundo.
Mark Esper lembrou, no entanto, que o apoio de Washington é político e que os Estados Unidos não pretendem contribuir com nenhuma força de segurança para essa iniciativa.
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