No âmbito deste acordo, pode ser formalizada a retirada total de tropas norte-americanas do Afeganistão nos próximos 14 meses, mais um passo para pôr fim a um conflito que já leva 18 anos.

Após uma redução inicial de tropas para 8.600, dentro de 135 dias a partir da assinatura do acordo, os Estados Unidos e os seus parceiros concluirão a retirada das suas forças restantes do Afeganistão dentro de 14 meses.

É este o plano que está a ser estudado, mas depende do cumprimento do acordo.

A AFP adianta que o secretário da Defesa americano, Mark Esper, afirmou que os EUA "não hesitarão em anular o acordo" se este for desrespeitado.

"Se os talibãs não respeitaram os seus compromissos, vão perder a oportunidade de se sentar com os outros afegãos e deliberarem sobre o futuro do seu país", disse o chefe do Pentágono.

O presidente George W. Bush ordenou a invasão do Afeganistão em resposta aos ataques de 11 de setembro de 2001. A 11 de setembro de 2001, entre as oito e as dez da manhã, os Estados Unidos da América sofreram o maior ataque terrorista de sempre: Dois aviões de passageiros foram desviados da sua rota e intencionalmente levados a colidir com as duas torres do World Trade Center em Nova Iorque. Os arranha-céus acabaram por desabar num curto espaço de tempo. Para além destes dois aviões, um terceiro foi também desviado e levado a embater no Pentágono, em Washington. 2.977 pessoas morreram, assim como os 19 sequestradores dos aviões. Mais de 6000 pessoas ficaram feridas.

O acordo foi assinado em Doha, capital do Qatar, pelo enviado especial norte-americano Zalmay Khalilzad e o chefe político talibã Mullah Abdul Ghani Baradar.

Mike Pompeo, Secretário de Estado norte-americano, não assinou mas esteve presente na cerimónia.

"Este é um momento cheio de esperança, mas é só o princípio, há uma grande quantidade de trabalho pela frente no campo diplomático", disse Pompeo em conferência de imprensa em Doha, adiantou a EFE.

O secretário de Estado disse que os EUA têm uma visão "realista" do acordo, mas que estão a "agarrar a melhor oportunidade de paz numa geração".

Pompeo, que afirmou ainda estar zangado com os ataques talibãs aos EUA de 11 de setembro de 2001, disse também que não se podia "desperdiçar" o que o soldados conquistaram "com sangue, suor e lágrimas".

Para o presidente Donald Trump este acordo deixa-o mais perto de cumprir a sua promessa de trazer as tropas americanas para casa.

Todavia, os peritos de segurança receiam que esta jogada política legitime internacionalmente os talibãs.

"Hoje é um dia monumental para o Afeganistão", escreveu a embaixada norte-americana em Cabul no Twitter. "É sobre fazer paz e desenhar um futuro melhor. Estamos com o Afeganistão".

A União Europeia, entretanto, já pediu que as negociações para uma paz duradoura entre afegãos comecem "sem demora".

"A União Europeia considera a conclusão hoje do acordo entre Afeganistão e EUA e entre os EUA e os talibãs um importante primeiro passo em direção a um processo de paz completo, com as negociações entre afegãos no centro", disse o representante da União Europeia para a política externa, Josep Borrell, numa declaração em nome dos 27 Estados-membros.

Borrell acrescentou que "não se pode perder a atual oportunidade de avançar em direção à paz".

A assinatura do acordo ocorre uma semana depois de a coligação internacional liderada pelos Estados Unidos e os talibãs se comprometerem a reduzir a violência na região.

Em 17 de fevereiro, os talibãs anunciaram que tinham chegado a um acordo com os Estados Unidos que permitiria a assinatura de um tratado para colocar fim a duas décadas de conflito no Afeganistão.

O acordo inclui a possibilidade de negociações diretas entre os rebeldes e o Governo afegão, que o movimento insurgente tinha até agora recusado, e conduzirá a um tratado permanente de paz, que termina uma guerra que remonta a 2001 e que se tornou o mais longo conflito militar em que os Estados Unidos estiveram envolvidos.

O acordo contempla ainda, além da retirada gradual das tropas norte-americanas, a libertação de cerca de metade dos talibãs que tinham sido feitos prisioneiros pelas forças fiéis ao regime afegão.

O primeiro passo desta nova fase passará pela libertação pelo Governo de Cabul de 5.000 dos cerca de 11.000 elementos do movimento que se encontram presos.

Em troca, os talibãs comprometem-se a libertar cerca de mil prisioneiros das forças afegãs.