Num comunicado divulgado hoje, o Departamento de Estado norte-americano fala em “expulsão” dos diplomatas cubanos, mas sem declarar estes funcionários como ‘persona non grata’, designação que os podia impedir de regressar ao respetivo posto em Washington.
“Mantemos as nossas relações diplomáticas com Havana”, mas as “expulsões” foram decididas “devido à incapacidade de Cuba de tomar medidas adequadas para proteger os nossos diplomatas”, afirmou o secretário de Estado, Rex Tillerson, citado no comunicado.
Segundo o chefe da diplomacia norte-americana, esta medida foi tomada também para “assegurar a equidade” da presença diplomática dos dois países.
O Departamento de Estado norte-americano deu a Havana um prazo de sete dias para retirar os 15 diplomatas.
Os ataques que estão na origem desta decisão, que foram qualificados na semana passada pelo Departamento de Estado norte-americano “de natureza desconhecida”, afetaram a saúde de 22 funcionários da embaixada dos Estados Unidos na capital cubana.
Problemas de ouvidos e perda de audição, tonturas, dores de cabeça, fadiga, dificuldades cognitivas e dificuldade em dormir foram alguns dos sintomas registados pelos funcionários entre finais de 2016 e agosto último.
Cinco famílias do Canadá também foram afetadas.
No passado dia 29 de setembro, os Estados Unidos anunciaram que iam retirar de Cuba mais de metade do pessoal da embaixada em Havana na sequência destes ataques, que continuam sob investigação.
No mesmo dia, Washington também emitiu um aviso prévio aos cidadãos norte-americanos que quisessem viajar para Cuba, alertando para eventuais riscos invulgares.
Os funcionários norte-americanos deverão sair de Cuba até ao final desta semana, segundo indicou hoje uma fonte do Departamento de Estado.
Apesar de uma intensa investigação da polícia federal norte-americana (FBI), as causas e os responsáveis pelos ataques continuam um mistério, com alguns especialistas a especularem que algum tipo de arma sónica secreta ou um dispositivo de vigilância defeituoso poderiam estar relacionados com os acontecimentos.
Também na semana passada, Tillerson recebeu em Washington o seu homólogo cubano Bruno Rodríguez, tendo afirmado na altura que os Estados Unidos iam continuar a trabalhar com o Governo de Havana na investigação dos ataques.
“Cuba disse que vai continuar a investigar estes ataques e vamos continuar a cooperar com eles neste esforço”, indicou então Rex Tillerson.
Este episódio surge numa altura em que as relações bilaterais entre Washington e Havana, restabelecidas em julho de 2015 durante a administração de Barack Obama (democrata) após uma suspensão de mais de meio século, vivem um período de esfriamento perante as novas políticas assumidas pelo Presidente Donald Trump (republicano).
Trump tem sérias reservas em relação a uma política de abertura com Cuba, apoia o embargo económico imposto à ilha e recusa-se a negociar com o Governo de Havana, a menos que veja avanços democráticos naquele território.
A representação diplomática norte-americana em Havana foi reaberta em julho de 2015 e no mês seguinte, em agosto, o então secretário de Estado norte-americano, John Kerry, presidiu à cerimónia do içar da bandeira da embaixada dos Estados Unidos, algo que não acontecia há 56 anos.
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