Porém, como reflexo dos problemas que a indústria dos meios de comunicação nos Estados Unidos enfrenta — uma luta financeira contínua — o museu vai fechar as suas portas no próximo dia 31 de dezembro.

Com exposições que vão dos ataques no 11 de setembro à queda do Muro de Berlim, bem como capas de jornais de todo o mundo, o museu anunciou no começo do ano que iria venderia o seu edifício — desenhado pelo arquiteto James Polshek — à Universidade Johns Hopkins, por 372 milhões de dólares (335 milhões de euros).

A organização sem fins lucrativos The Freedom Forum, criada pelo fundador do jornal USA Today, Al Neuharth, comprometeu-se a continuar a sua missão de educar o público sobre a importância de uma imprensa livre, mas não indicou se vai abrir um novo espaço público de exposições sobre a imprensa.

"O futuro do Newseum é incerto", disse a sua porta-voz, Sonya Gavankar. "Vamos demorar pelo menos seis meses para desmontar as exposições e transferi-las para as nossas instalações de arquivo. Uma vez concluído este processo, vamos começar a ver o que o futuro nos reserva", assinalou.

O primeiro Newseum foi inaugurado em 1997, em Arlington, na Virginia, e, em 2008, transferiu-se para um prédio de 450 milhões de dólares (405 milhões de euros) entre o Capitólio e a Casa Branca, em Washington, D.C.

Durante duas décadas, o museu recebeu 10 milhões de visitantes e albergou centenas de eventos e conferências. Porém, com o preço dos bilhetes a ultrapassar os 20 dólares (18 euros) numa cidade que dispõe de museus de classe mundial gratuitos, o Newseum atravessou períodos de dificuldade.

"O Newseum teve o papel louvável de relembrar milhões de visitantes que a história do jornalismo é cheia de glórias, mas também de trabalhos malfeitos, de que a informação pode ser libertadora, a desinformação repressiva, e que a liberdade de imprensa está sempre sob ameaça", escreveu Michael Hiltzik no Los Angeles Times.

O destino do Newseum reflete um setor mergulhado numa crise cada vez mais profunda e em que milhares de jornais norte-americanos encerraram as suas atividades devido a problemas financeiros. O emprego nas redações caiu 25% entre 2008 e 2018, segundo um levantamento da Pew Research Center.

Os visitantes dos últimos dias do museu admitem que vão sentir falta do local. Cathy Cawley, de Ashland, na Virgínia, afirmou à agência AFP que aproveitou para visitar o museu pela segunda vez antes do seu encerramento por causa das suas exposições "expansivas e bonitas".

"Estava o olhar para a parede que mostra a exposição sobre jornalistas mortos durante o exercício da sua profissão e percebi o quão importante é uma imprensa livre", disse.

Julia Greenwald, professora de inglês numa escola de Washington, trouxe um grupo de estudantes ao local. "É um dos melhores museus da cidade. É triste que vá fechar", lamentou. "No contexto político atual, é muito importante que as crianças aprendam o valor de uma imprensa livre", explicou.

Por: Rob Lever da agência France-Press (AFP)