Após uma reunião à porta fechada no Conselho de Segurança para debater as acusações russas, o diplomata do Reino Unido apresentou à imprensa alguns dos detalhes do encontro, indicando que ele, juntamente com os representes da França e dos Estados Unidos na ONU, “foram claros nas suas posições de que tudo não passam de alegações falsas” de Moscovo.
“São alegações falsas. Desinformação como a que vimos antes. Não foi apresentada nenhuma prova. A Ucrânia tem sido clara de que não tem nada a esconder e inspetores da Organização Internacional de Energia Atómica (OIEA) estão a caminho”, disse Kariuki.
“Temos de ser claros: isto é pura desinformação por parte da Rússia, como já vimos muitas vezes, e isto tem de acabar”, frisou.
O embaixador indicou ainda que a Rússia convocou três reuniões esta semana perante o Conselho de Segurança, o que, na visão de James Kariuki, é apenas uma forma de fazer o órgão das Nações Unidas “perder tempo”.
“A Rússia pediu três reuniões esta semana: a reunião sobre ‘bombas sujas’ de hoje, uma sobre armas biológicas e outra para explicarem porque é que se recusaram a permitir uma inspeção da ONU sobre os ‘drones’ (aeronaves não-tripuladas) provenientes do Irão. Estão a fazer-nos perder o nosso tempo com desinformação”, concluiu.
O Conselho de Segurança da ONU debateu hoje à porta fechada as acusações da Rússia, que afirma que a Ucrânia fabricou uma ‘bomba suja’, alegações rejeitadas por Kiev e pelo Ocidente.
O debate foi pedido pela Rússia, cujo embaixador, Vassili Nebenzia, enviou uma carta ao Conselho de Segurança e ao secretário-geral da ONU, António Guterres, em que insiste nas acusações à Ucrânia.
Uma bomba radioativa, ou ‘bomba suja’, consiste em explosivos convencionais cercados por materiais radioativos que são disseminados como pó no momento da explosão.
Logo após a reunião, o representante permanente adjunto da Rússia na ONU, Dmitry Polyanskiy, afirmou que saiu “satisfeito” do encontro, uma vez que “conseguiu alertar para a questão”.
“Nós explicamos que uma ‘bomba suja’ não é um dispositivo sofisticado para se ser criado. É muito difícil detetar a criação destas bombas, mas nós temos informações dos nossos serviços, que partilhamos numa carta enviada ao secretário-geral. Indicamos que há, pelo menos, duas instalações que têm capacidades científicas para fabricar estas bombas na Ucrânia”, disse Polyanskiy a jornalistas.
De acordo com o diplomata, as duas instalações em causa são o ‘Kharkov Institute of Physics and Technology’ e o ‘Institute for Nuclear Research of the National Academy of Sciences of Ukraine’, localizado em Kiev.
Questionado sobre como é que obteve essas informações, Polyanskiy disse que são provenientes dos serviços de informações russos, recusando-se a fornecer mais detalhes.
“Estamos satisfeitos. Conseguimos o que queríamos, que era alertar para esta questão. Claro que os colegas ocidentais dizem que tudo é propaganda russa, mas estamos satisfeitos porque alertamos para a questão”, disse.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas — mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,7 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.306 civis mortos e 9.602 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
Comentários