Dois agentes já tinham processado Trump em março de 2021, e outros sete em agosto.

Marcus Moore, da polícia do Capitólio, intentou uma ação num tribunal do Distrito de Colúmbia ao abrigo da Lei Ku Klux Klan de 1871, segundo a agência de notícias espanhola EFE.

A lei em causa foi aprovada 15 anos após o fim da Guerra Civil dos Estados Unidos (1861-1865) para proteger tanto os afro-americanos libertados da escravatura como os legisladores do Congresso da violência por grupos brancos supremacistas como o Ku Klux Klan.

A lei proíbe a intimidação de funcionários federais para os impedir de fazer o seu trabalho.

Moore, um dos agentes da força policial que ajudou a retirar os legisladores durante o ataque ocorrido em 06 de janeiro de 2021, alegou ter ficado traumatizado pela violência que ocorreu nesse dia, e que sofre de zumbidos e outros efeitos emocionais desde então.

O agente da polícia pede uma compensação de 75.000 dólares (cerca de 62.000 euros), num processo em que tem o apoio de um escritório de advogados e da organização sem fins lucrativos Protect Democracry.

“O nosso cliente sofreu lesões físicas e psicológicas em resultado de insurgentes incitados pelo antigo Presidente para perturbar a transferência pacífica do poder”, disse Patrick Malone, advogado do agente, numa declaração citada pelo jornal The Hill.

Bobby Tabron e DeDivine K. Carter, da Polícia Metropolitana, a força que deu apoio à polícia do Capitólio para conter os manifestantes, também processaram Trump judicialmente, alegando que foram agredidos fisicamente pelos apoiantes do ex-Presidente republicano.

“As palavras e a conduta de Trump (…) demonstraram um desrespeito intencional e irresponsável e uma indiferença imprudente pela segurança de Bobby Tabron e DeDivine K. Carter e dos seus colegas “, lê-se na queixa dos dois agentes, citada pelo canal de televisão norte-americano CBS.

Os dois agentes exigem também 75.000 dólares por danos.

O chefe da Polícia do Capitólio testemunha hoje perante uma Comissão do Senado sobre a invasão da sede do Congresso.

No dia 06 de janeiro de 2021, cerca de 10.000 pessoas — a maioria apoiantes do Presidente Donald Trump (2017-2021) — marcharam em direção ao Capitólio e cerca de 800 invadiram o interior do edifício, sede do poder legislativo norte-americano.

Os manifestantes tentaram impedir a ratificação da vitória do agora Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, sobre o republicano Donald Trump, que se recandidatou a um segundo mandato nas eleições de novembro de 2020.

Joe Biden vai fazer um discurso sobre o assalto ao Capitólio na quinta-feira, no qual condenará o ódio que provocou o ataque e as mentiras que o “trumpismo” tem espalhado para o justificar, segundo a EFE.

“O Presidente falará sobre o significado histórico de 06 de janeiro, e o que isso significa para o país um ano mais tarde”, disse a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, na terça-feira.

Trump tinha anunciado uma conferência de imprensa para quinta-feira, mas cancelou-a e anunciou que vai falar sobre o ataque ao Capitólio num comício marcado para 15 de janeiro, no Arizona.

As autoridades apresentaram cerca de 700 processos criminais contra os invasores e, até agora, mais de 50 pessoas foram condenadas em tribunal, quase todas brancas e a maioria associada a organizações políticas radicais, próximas de Donald Trump.

Para já, apenas 19 foram colocados em prisão efetiva, com penas entre os oito meses e os três anos e meio de cadeia.