O politólogo Jaime Nogueira Pinto defendeu, num debate com o embaixador Francisco Seixas da Costa promovido pela Câmara de Comércio Americana em Portugal, que "as divisões na política interna" vão levar a uma imposição da 'realpolitik'.

"O voto está alinhado por elementos étnicos e culturais. Os partidos estão divididos e quem vier tem que tratar da reconstituição e reconciliação, o que não vai ser nada fácil", afirmou.

O candidato republicano Donald Trump é "um outsider", apoiado pela população branca e masculina "de determinada geração", enquanto a candidata democrata Hillary Clinton, antiga secretária de Estado, tem o apoio das chamadas minorias não-brancas, incluindo latinos e afro-americanos, "que eram minorias há 30 anos", das mulheres e de uma nova geração, explicou.

Para Seixas da Costa, o debate da campanha presidencial ficou também marcado por algumas questões de carácter internacional, como a relação com o México e o muro de separação para travar a emigração, a questão da Rússia e "um discurso bastante radical" em relação ao mundo islâmico.

Além da situação no Iraque e na Síria, uma "questão-chave que vai definir o sucesso da nova presidência", e do papel da Rússia, Seixas da Costa destacou a fragilidade da União Europeia, "devido ao processo europeu" e à saída do Reino Unido (Brexit), na parceria com os Estados Unidos.

"Resta saber se Clinton vai continuar a olhar para a Europa com pouco interesse" tal como aconteceu com o presidente Barack Obama, sublinhou o embaixador português, numa intervenção em que se manifestou partidário da vitória de Hillary Clinton e de um "cenário de não-pesadelo".

Seixas da Costa concordou que a política externa de Clinton será dominada pela 'realpolitik', depois de "se ter observado um maior protecionismo" no debate sobre os tratados comerciais internacionais, o transatlântico e o transpacífico.

"Os Estados Unidos são os fundadores da ordem multilateral internacional, mas vivem nesta hesitação, quando não dá jeito vão unilateralmente e quando dá jeito utilizam as Nações Unidas", afirmou o embaixador.

"Aqui põe-se um problema português: de que modo será o secretário-geral [António Guterres] capaz de lidar com os EUA nesta matéria", destacou.

Sobre Portugal, Seixas da Costa considerou que é "um aliado fiel da relação transatlântica", com várias dimensões no relacionamento bilateral.

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