Foi em março - a mais de um ano das eleições de 26 de maio de 2019 - que a líder do CDS-PP, Assunção Cristas, aproveitou o Congresso de Lamego para anunciar Nuno Melo como primeiro nome e revelar outros três candidatos, Mota Soares, Raquel Vaz Pinto e Vasco Weinberg, cuja ordenação está dependente da aprovação ou não da nova lei da paridade.

Questionado pela Lusa, Nuno Melo, eurodeputado desde 2009, considerou que ser o primeiro cabeça de lista anunciado às europeias lhe deu “a vantagem” de iniciar mais cedo o trabalho no terreno.

“Se há lição que as autárquicas em Lisboa nos deram foi a de que fazer as coisas com tempo é bom”, afirmou, referindo-se aos mais de 20% conseguidos por Cristas em 2017.

Para as europeias, o objetivo do CDS é “fazer igual ou melhor do que em 2009”, quando o partido concorreu sozinho e elegeu dois eurodeputados.

Em 2014, PSD e CDS-PP concorreram coligados, e conseguiram sete lugares no Parlamento Europeu (seis para os sociais-democratas, um para os democratas-cristãos).

À esquerda, a coordenadora no Bloco, Catarina Martins, aproveitou a XI Convenção Nacional de há duas semanas, em Lisboa, para anunciar o nome da sua única eurodeputada Marisa Matias para voltar a encabeçar o rol de candidatos bloquistas ao Parlamento Europeu, que visam “reforçar a sua representação”, segundo fonte do BE.

A ex-candidata presidencial do BE mereceu a ovação dos mais de 600 delegados no encontro magno dos bloquistas e a formalização da sua recandidatura a Bruxelas carece apenas de ratificação pela Mesa Nacional, órgão dirigente entre convenções do partido, precisamente este fim de semana.

Francisco André, secretário nacional para as Relações Internacionais do PS, não teme que o ‘timing’ escolhido pelo partido para a apresentação dos candidatos socialistas – numa convenção em 16 de fevereiro – o prejudique, até por ser semelhante ao calendário seguido em anteriores sufrágios.

“Estamos já a trabalhar para apresentar aos portugueses o melhor programa e os melhores candidatos. Isso é que conta. Ser o primeiro a afixar cartazes com uma cara e sem nada para dizer não é vantagem para ninguém”, sublinhou.

O PS, que nas europeias de 2014 foi o partido mais votado e conseguiu eleger oito eurodeputados, volta a apontar como meta ganhar e novamente com uma lista totalmente paritária: “Ter mais votos e, se possível, mais mandatos”.

Pelo PSD, a vice-presidente e coordenadora de Assuntos Europeus do Conselho Estratégico Nacional, Isabel Meirelles, escusou-se a apontar um ‘timing’ para a apresentação dos candidatos, recordando que o presidente do partido, Rui Rio, já manifestou o desejo de adiar o mais possível o clima de campanha eleitoral.

“Acreditamos que as pessoas são importantes, mas as ideias não o são menos”, afirmou.

Isabel Meirelles também não quis precisar o que será uma vitória para o PSD nas próximas europeias, remetendo essa quantificação de objetivos para mais perto das eleições.

“Neste momento a prioridade é estudar os temas, os assuntos, tentar comunicá-los de molde a que os portugueses não fiquem em casa, não se abstenham”, defendeu.

Na habitual Coligação Democrática Unitária (CDU – PCP e “Os Verdes”), que terá ainda de ser aprovada em Conselho Nacional do PEV e pelo Comité Central comunista, o “primeiro candidato ao Parlamento Europeu será anunciado em momento oportuno”, limitou-se a dizer fonte comunista, sem precisar uma data concreta.

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, em declarações públicas já se referiu ao eurodeputado João Ferreira como um “bom candidato” e adiantou que o futuro cabeça de lista da CDU sairá de entre o lote de três deputados do partido atualmente no Parlamento Europeu.

Sobre objetivos eleitorais, a mesma fonte comunista afirmou que “quanto mais força e deputados tiver a CDU, mais força terá Portugal no Parlamento Europeu e mais força terá a luta em Portugal para fazer avançar a defesa, a reposição e conquista de direitos”.

Os dirigentes do PAN, que obteve a sétima posição nas Europeias2014, só querem falar do nome do seu cabeça de lista e objetivos eleitorais num evento formal de apresentação da candidatura, na primeira semana de dezembro.

O Movimento Partido da Terra (MPT) (tal como o PCPTP-MRPP) não respondeu às questões colocadas pela Lusa, mas os dois eurodeputados que este partido elegeu em 2014 fizeram-no.

António Marinho Pinto e José Inácio Faria consideram ainda prematuro falar em recandidaturas. No caso do primeiro, se o fizer será pelo seu novo partido, o PDR, enquanto o segundo admite que, se tal acontecer, dificilmente será pelo MTP, que lhe retirou em outubro a confiança política.

O novo partido Aliança, fundado pelo ex-primeiro-ministro Pedro Santana Lopes, aponta como objetivo ter “o melhor resultado possível”, numas eleições que aponta como “cada vez mais relevantes para o dia a dia das pessoas”.

Tiago Sousa Dias, membro da Comissão Instaladora do partido, assegurou que a Aliança conta apresentar “até ao começo do ano” o seu cabeça de lista, alguém “com provas dadas, com carreira, com mérito e capaz de se entregar a esta causa”.

O Livre, que em 2014 conseguiu 70 mil votos mas não elegeu qualquer eurodeputado, tem como objetivo precisamente um lugar em Estrasburgo.

Questionado pela Lusa se será novamente cabeça de lista, Rui Tavares admitiu que tem sido encorajado a avançar, mas remeteu essa decisão para quando se iniciar o processo de primárias do Livre, no início do próximo ano, e em que quem desejar ser candidato se apresenta a votos.