Além da palavra de ordem de que “a CDU avança com toda a confiança”, aquele apelo ao voto e o esclarecimento de que os eleitores devem escolher “a foice e o martelo com o girassol ao lado” têm sido incessantemente ouvidos em duas semanas de clássicas “arruadas” e ortodoxos almoços, jantares e comícios protagonizados pelo cabeça de lista, o eurodeputado João Ferreira, mas também pela esmagadora maioria dos outros oradores dos vários eventos.

O mais experiente e empático secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, foi tendo uma agenda de campanha paralela também em diversos pontos do país, embora comparecendo ao lado do recandidato ao Parlamento Europeu nas paragens mais emblemáticos da digressão, sobretudo dedicada às confortáveis regiões da Grande Lisboa, margem sul do Tejo e península de Setúbal.

Sem experimentar concertos de bateria ou viras minhotos, voos de helicóptero ou passeios de barco como outros candidatos e responsáveis políticos, João Ferreira foi escolhendo um tema por dia relacionado com a União Europeia, mas com relevância nacional, da legislação laboral às pescas, passando pela agricultura e alterações climáticas até à habitação, dívida soberana, fundos de coesão ou o orçamento da União Europeia.

O também vereador em Lisboa, algo rígido e sem se desviar um milímetro do guião pré-estabelecido mesmo no contacto com militantes e simpatizantes em plena rua, foi sublinhando a diferença do trabalho nos últimos cinco anos dos representantes “dos trabalhadores e do povo” em Bruxelas face a PS, PSD e CDS-PP, afirmando mesmo que os três elementos da CDU fizeram mais que os outros 18 eurodeputados lusos todos juntos.

“Acreditamos que compensa trabalhar, mostrar o trabalho que fizemos e ser claros quanto àquilo que defendemos. É nisso que estamos apostados, sentimos que isso compensa e vamos fazer isso até ao último dia”, afirmou quando confrontado com o facto de as diversas sondagens conhecidas entretanto apontarem para a perda de pelo menos um dos três lugares em Estrasburgo.

João Ferreira, com uma linguagem formal, sem qualquer improviso de ocasião e quase tão burocrático quanto aqueles que tanto critica nas instituições europeias, aproveitou para colar o PS à direita, acusando os socialistas de permanente convergência com PSD e CDS-PP na Europa, como em Portugal, contra o interesse nacional, e reclamar para a CDU os louros dos “avanços” sociais verificados na última legislatura, contra a vontade inicial do executivo minoritário de António Costa, que, segundo o candidato, cedeu por não ter os votos suficientes ou “as mãos livres” para governar à sua maneira.

“Estamos empenhados em construir um resultado. Não somos espetadores ou comentadores de sondagens. Somos construtores de um resultado que não está feito e que sentimos que vai ser um bom resultado, com reforço da CDU. Estou convencido por aquilo que estamos a fazer, pelo sentimento de reconhecimento do nosso trabalho, pelas propostas diferenciadoras, por aquilo que se está a fazer em sessões de esclarecimento, mobilização e informação. Estou convencido de que a CDU vai ter um bom resultado nestas eleições e está a crescer a cada dia que passa”, concluiu.

Até ao momento, houve ações de rua mais e menos mobilizadoras, desde as minimalistas no Alentejo ou ao ponto alto em que consistiu o desfile e comício na tarde do sábado em que se decidiu o campeonato nacional de futebol a favor do Benfica, em Almada, mas ainda faltam as habituais passagens por Barreiro, na portuense rua de Santa Catarina e no “alfacinha” largo do Chiado antes do encerramento no “comunistão” Seixal.

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