"O PS e o seu Governo falam dos avanços que foram alcançados nesta nova fase da vida política nacional dizendo que são conquistas suas, mas a verdade é que muito do que se alcançou começou por ter o seu desacordo, resistência e oposição. O que se avançou avançou-se porque o PS não tinha os votos para, sozinho, impor a política que sempre, ao longo de quatro décadas, fez sozinho ou com o PSD e o CDS", disse Jerónimo de Sousa, num comício em Almada, no distrito de Setúbal.
O líder do PCP discursou depois da dirigente de "Os Verdes" Heloísa Apolónia, do cabeça-de-lista europeu, João Ferreira, e do presidente da Intervenção Democrática, João Geraldes, junto aos paços do concelho de Almada, após a maior ação de rua da CDU desde o início da campanha eleitoral oficial para as eleições europeias de 26 de maio.
Jerónimo de Sousa juntou-se nos últimos metros ao desfile que juntou mais de meio milhar de apoiantes, desde a praça do MFA até à zona da câmara municipal de Almada.
"São medidas que foram alcançadas por essa razão simples e objetiva de o Governo minoritário do PS não ter as mãos completamente livres para impor a sua vontade. Sim, Governo minoritário do PS e não das esquerdas ou de esquerda, como também se impõe clarificar", afirmou.
O secretário-geral do PCP sublinhou: "ninguém duvide que o que se conseguiu de avanços não existiria hoje se não fosse a iniciativa e a proposta das forças da CDU".
De resto, para Jerónimo de Sousa, "aquilo que é estruturante é comum ao PS, PSD e CDS".
"Por isso os vemos, nesta campanha eleitoral, a não discutir o que interessa, os problemas do país. Não querem discutir os impactos no país das políticas da União Europeia e as soluções. Estão apenas apostados na picardia, na diatribe, na pessoalização da política e na política espetáculo", criticou.
"Por que não querem discutir? Por uma razão simples, camaradas. É que quanto se decidiu na União Europeia, os três juntinhos - PS, PSD e CDS - aceitaram tudo o que lhes quiseram impor e agora não têm lata para vir dizer que estão contra essa destruição das pescas ou do setor leiteiro", continuou.
Na sua intervenção, o cabeça de lista da CDU mostrou-se de "rosto erguido", orgulhoso do "trabalho inigualável" da coligação e confiante num resultado eleitoral "feito a golpes de vontade" e que, "ao contrário do que alguns gostariam, está longe ainda, muito longe, de estar fechado".
"Da mesma forma que os partidos não são todos iguais as campanhas eleitorais também não são todas iguais. Da nossa parte, assumimos que não sabemos fazer de outra maneira, com verdade, seriedade, determinação, confiança na justeza das nossas propostas", afirmou João Ferreira.
O candidato da CDU frisou que "foi contra a vontade de Bruxelas, de Berlim e, muitas vezes, do próprio PS" que se avançou para a "gratuitidade dos manuais escolares, na redução das propinas, no alargamento e aumento do abono de família, na redução do valor do passe social".
"No Parlamento Europeu onde o PS e os seus deputados estiveram nestes anos livres de quaisquer condicionamentos essa convergência e alinhamento com PSD e CDS foram ainda mais notórios, poderíamos mesmo dizer permanente", condenou.
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