A seis meses das eleições europeias de 26 de maio, o PS considera que estará em causa “lutar por uma Europa que responda melhor às expectativas dos seus cidadãos”.
“Como é que a União Europeia pode oferecer melhores condições de vida e mais oportunidades de emprego? Como é que podemos devolver ao projeto europeu a ambição da convergência, para uma Europa mais justa, com menos desigualdades e menos egoísmos nacionais?”, exemplificou Francisco André, secretário nacional do PS para as Relações Internacionais.
O drama dos refugiados, o combate à fuga e evasão fiscal e o reforço do papel do Parlamento Europeu e da democracia europeia são outros temas considerados prioritários pelos socialistas, que encaram com “desassossego” o crescimento dos fenómenos populistas e extremistas na Europa.
“O mais importante na luta contra o populismo é explicar que o nacionalismo isolacionista, com o seu apelo ao regresso das fronteiras nacionais, é uma pura ilusão, uma ‘história da carochinha’”, apontou.
Depois de em 2014 terem concorrido juntos às eleições europeias, PSD e CDS – que integram a mesma família europeia, o PPE – voltam a correr cada um por si, mas alguns dos temas que querem ver debatidos na campanha são semelhantes.
A vice-presidente do PSD e coordenadora de Assuntos Europeus do Conselho Estratégico Nacional, Isabel Meirelles, elege como prioridades o aprofundar da União Económica e Monetária, mas sem novos impostos europeus, bem como a Segurança e a Defesa, área na qual os sociais-democratas defendem um reforço para “pelo menos 2% do Produto Interno Bruto”.
Os problemas associados às migrações e o crescimento dos nacionalismos e populismos na Europa, “não afetando particularmente Portugal”, serão também temas que o PSD quer ver debatidos na campanha, a par dos fundos estruturais – matéria na qual PS e PSD assinaram um acordo onde se define o objetivo de Portugal “pelo manter” o mesmo nível de verbas.
Pelo CDS-PP, o já anunciado cabeça de lista às europeias Nuno Melo quer debater até às eleições “temas que signifiquem Portugal na Europa e não apenas a agenda europeia”.
“Por exemplo, consideramos inaceitável, a propósito do orçamento da União Europeia, que Portugal, sendo um dos países que mais precisa dessas verbas, nomeadamente para a coesão e agricultura, possa ser prejudicado”, defendeu.
Nuno Melo fez questão de salientar algumas matérias que distinguem o CDS não só do PS, mas também em parte do PSD: “O CDS é profundamente europeísta, mas não federalista. O CDS rejeita novos impostos ou taxas europeias e reclamamos alternativas para aumentar as dotações nacionais”, salientou, concordando que o exército único europeu e a ascensão dos nacionalismos serão temas incontornáveis na próxima campanha.
Do outro lado do espetro político português, a tradicional Coligação Democrática Unitária (CDU – PCP e “Os Verdes”) vê nas europeias “uma oportunidade para afirmar as respostas necessárias ao povo e ao país: a valorização do trabalho e dos direitos dos trabalhadores, como saúde, educação, cultura, habitação, proteção social, transportes”.
“Pôr Portugal a produzir, diminuindo a sua dependência externa, recuperação dos recursos do país e seus setores estratégicos” são prioridades “indissociáveis da afirmação da soberania e a independência nacional, da libertação das imposições do euro e dos constrangimentos da União Europeia (UE)”, além da “necessária renegociação da dívida”, segundo fonte oficial comunista.
As eleições são encaradas pela CDU como ocasião para “afirmar a necessidade da rutura com as opções do PS, PSD e CDS – responsáveis por um país desigual, empobrecido, dependente e projetar uma política alternativa, patriótica e de esquerda” face a uma UE “cada vez mais neoliberal, federalista e militarista”.
Fonte ecologista referiu à Lusa a diminuição da utilização de plásticos, a erradicação definitiva da energia nuclear e a contestação ao Tratado Orçamental como assuntos importantes para a futura campanha eleitoral.
O outro partido com posição conjunta com o PS para viabilizar o atual Governo, o BE, identificou um contexto de “dupla ameaça” na Europa. “Por um lado, as instituições europeias que, tendo criado uma Europa profundamente desigual, são incapazes de responder aos problemas que criaram, por outro, o crescimento da extrema-direita que, não tendo qualquer alternativa económica, faz do ódio e da xenofobia a sua política”, disse à Lusa fonte bloquista.
“Só o programa económico e social da esquerda, que coloca a dignidade do trabalho e a importância dos serviços públicos no centro do debate, é capaz de responder a estas ameaças, recusando a austeridade e a política do ódio, os partidos da plataforma ‘Agora o Povo’ convergem na defesa dos direitos humanos, das liberdades e dos direitos sociais e económicos dos povos europeus”, continuou a mesma fonte.
O BE assinou em Lisboa o referido acordo juntamente com Podemos (Espanha), a França Insubmissa, a Aliança Verde Vermelha (Dinamarca), o Partido de Esquerda (Suécia) e Aliança de Esquerda (Finlândia).
O Livre, pela voz do anterior cabeça de lista Rui Tavares, realça ser “o único partido da esquerda verde europeísta em Portugal” e que integra o movimento transnacional Primavera Europeia, com outros parceiros de países como Dinamarca, Grécia, Itália ou Alemanha, apontando entre as prioridades “a construção de uma democracia europeia, a defesa dos direitos humanos sem tergiversações nem tacticismos, a luta contra a pobreza e as desigualdades, e a garantia de um meio ambiente saudável e sustentável para as gerações futuras”.
Noutro polo político, a Aliança criticou recentemente a “obediência cega a Bruxelas” do Governo nas metas orçamentais e salienta a sua oposição a uma Europa federalista e a um supra Estado soberano.
“Estamos cá para apoiar a integração europeia, mas também para lutar pelo nosso país, por Portugal (…) Não queremos uma Europa a várias velocidades. Queremos uma Europa solidária”, defendeu Tiago Sousa Dias, membro da Comissão Instaladora do partido fundado pelo antigo líder do PSD Pedro Santana Lopes.
Sobre o crescimento dos nacionalismos na Europa, a Aliança frisa que “os povos de cada Estado são soberanos nas suas escolhas” e considerou que evitar este fenómeno é sobretudo “responsabilidade das forças políticas frequentemente próximas do poder”.
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