O partido, cuja única proposta é concretizar a saída do país da União Europeia (UE) mesmo sem acordo, recolheu 31,6% dos votos, de acordo com os resultados até agora divulgados, que excluem a Escócia e a Irlanda do Norte.
Formado há menos de dois meses, quando se tornou evidente que o Reino Unido teria de participar nas eleições para o Parlamento Europeu porque não iria sair da UE a tempo, o PB tem à frente o eurocético Nigel Farage, antigo líder do UKIP.
Farage conseguiu capturar a insatisfação de muitos eleitores com o impasse do processo do 'Brexit' e com a incapacidade de o governo da conservadora Theresa May implementar o resultado do referendo de 2016, quando 52% votaram para sair da UE.
"Nunca na política britânica um partido com apenas seis semanas ganhou uma eleição nacional. Se o Reino Unido não sair a 31 de outubro, estes resultados vão repetir-se numas eleições legislativas", avisou o eurodeputado.
O principal visado das declarações foi o partido Conservador, fortemente castigado, pois reelegeu apenas três dos 19 eurodeputados que tinha até agora, registando uma queda de 15% dos votos relativamente a 2014.
"Sabíamos que ia acontecer, mas continua a ser um resultado doloroso. Um risco existencial para o nosso partido, a não ser que nos unamos e executemos o 'Brexit'", admitiu o ministro dos Negócios Estrangeiros, Jeremy Hunt.
Outra vítima do descontentamento dos eleitores com os principais partidos políticos foi o Trabalhista, cuja posição ambígua de recusar apoiar o plano do governo para o 'Brexit' sem exigir claramente um novo referendo levou muitos apoiantes a votarem noutros partidos.
Os principais beneficiados, com as descidas dos Conservadores e dos Trabalhistas, foram os partidos claramente pró-europeus e anti-Brexit, como o Liberal Democrata, que disparou para o segundo lugar ao eleger 15 eurodeputados (um em 2014), e os Verdes, que passam a ter sete eurodeputados (três em 2014).
Em declarações à cadeia britânica BBC, o analista John Curtice, da universidade de Strathclyde, considerou que os resultados refletem um país "polarizado entre aqueles querem sair sem acordo e os que querem outro referendo com esperança de impedir a saída".
A soma da percentagem dos votos pró-Brexit, do PB e do UKIP, é equivalente aos 35% que Liberais Democratas, Verdes e Change UK acumularam.
Curtice referiu que os partidos Conservador e Trabalhista foram "desertados pelos eleitores" por terem sido incapazes de chegar a um consenso sobre o 'Brexit', e disse acreditar que estas eleições vão "influenciar a dinâmica dos dois partidos".
Com uma eleição em curso para eleger um novo líder, o partido Conservador deverá tornar-se mais firme na determinação de concretizar o 'Brexit', enquanto que o 'Labour' [Trabalhista] vai passar a exigir um novo referendo, mesmo que lhe custe alguns eleitores eurocéticos.
O líder trabalhista, Jeremy Corbyn, admitiu já que estas eleições funcionaram como uma espécie de referendo ao 'Brexit' e que o assunto terá de ser decidido pelas pessoas, seja através de eleições legislativas ou de um "voto público".
Os resultados completos das eleições europeias no Reino Unido só serão conhecidos hoje, quando forem contados os boletins na Irlanda do Norte, que usa um sistema de eleição por voto transferível, e na Escócia, onde ainda faltam parte dos votos das ilhas mais remotas.
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