Em declarações aos jornalistas à margem de uma intervenção na Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), em Lisboa, Rui Rio recusou detalhar em público a análise que foi feita na Comissão Política de quarta-feira à noite sobre os 21,94% obtidos pelo PSD no domingo, o pior resultado de sempre do partido em eleições de âmbito nacional.
“Se olhar para mim, vê a minha idade, vê o meu currículo, eu não quero mudar aquilo que sou. Devemos ser coerentes, agora naquilo que é a forma de comunicar, na forma de atuar no quotidiano há de ter pequenos ajustamentos”, afirmou.
Rio defendeu que, nas legislativas, o PSD não quer ter 22% - “queremos ter mais 32 do que 22%” - embora salientando que são “eleições completamente diferentes, com motivações completamente diferentes” e, provavelmente, com uma abstenção muito menor.
“Está tudo em aberto, mas não podemos ignorar o resultado que tivemos, se metêssemos a cabeça na areia não éramos inteligentes”, afirmou.
Rio manifestou-se contra o que diz ser uma “tendência de se procurar dizer ao eleitorado o que ele quer ouvir” – que disse afetar quer PS, quer PSD, quer outros partidos - considerando que o país não pode ser tratado como “um produto”.
“Eu penso que o segredo na política está em, de uma forma séria, captarmos eleitorado para o que são as nossas ideias, o que entendemos que garante o melhor futuro para Portugal, assim é que a política é feita com nobreza e assim é que se pode até perder de pé”, defendeu.
“Quando nós tentamos vender as nossas propostas como quem vende uma pasta de dentes, aí se perdermos não perdemos de pé”, afirmou, contrapondo que, mesmo uma vitória com esta atitude, “não serve para nada”.
Rio defendeu que “o eleitorado está mais adulto” e distingue o que são as decisões nas europeias e nas legislativas, admitindo que as eleições de domingo possam funcionar como “uma sondagem real” para outubro, mas apenas isso.
“Não estou a dizer que o PSD vai ganhar de largo, até pode piorar, mas estou a fazer uma análise com sinceridade”, disse.
Questionado se o tom mais agressivo do cabeça de lista social-democrata, Paulo Rangel, em relação ao PS poderá ter prejudicado o PSD, Rio recusou responder.
“Não vou em público fazer a análise que foi feita em privado e que, nalguns pontos, ainda está a ser feita”, afirmou.
Sobre os critérios aprovados na quarta-feira pela Comissão Política para a escolha dos candidatos a deputados do PSD, que incluem qualidades como o mérito e a lealdade à orientação da direção, Rio classificou-os como “pacíficos” – considerando que defender o contrário é que “seria notícia” - e disse serem “muito parecidos” com os definidos nas anteriores legislativas.
“Se a sua pergunta é: reconhece que no quadro atual há um outro com falta de lealdade? Claro que reconheço, não sou hipócrita, agora não vamos discutir isso na praça pública”, afirmou.
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