A maioria dos grupos analisados dedica-se ao tráfico de droga (cocaína, canábis, heroína, drogas sintéticas), operando frequentemente na Bélgica, Alemanha, Itália, Espanha e Países Baixos, segundo o organismo com sede em Haia.
No relatório salienta-se que as redes operam também nos setores imobiliário, construção, transporte de mercadorias, hotelaria e discotecas, ameaçando e corrompendo procuradores e juízes.
Pela primeira vez, a Europol está a “analisar em profundidade” as operações dos grupos criminosos, examinando “a estratégia das redes criminosas para se infiltrarem no mundo dos negócios legais, facilitarem as suas atividades criminosas, ocultarem crimes e branquearem lucros criminosos”.
Cerca de 86% destes grupos criminosos utilizam “estruturas empresariais legais”, recorrendo a advogados ou peritos financeiros “que por vezes desconhecem a origem criminosa dos bens”, segundo a mesma fonte, que nota como as discotecas podem também estar ligadas ao tráfico de droga, à extorsão e ao tráfico de seres humanos e de armas.
Na apresentação do relatório em Bruxelas, a diretora da Europol, Catherine De Bolle, afirmou que este “mapeamento”, que acompanha uma maior coordenação da aplicação da lei em toda a UE, “a mensagem para as redes criminosas é: ‘Já não se podem esconder'”.
De Bolle destacou como a ação criminosa desconhece fronteiras, já que entre os “25.000 suspeitos, há 112 nacionalidades” e que os líderes em “6% dos casos estão fora da UE”, nomeadamente nos Emirados Árabes Unidos, na Turquia, em Marrocos ou na América do Sul”.
O Dubai “tornou-se um centro de coordenação à distância”, onde residem membros de alto nível dos bandos, mas a cidade “não é um refúgio isolado”, segundo o relatório.
Os grupos que utilizam o porto flamengo de Antuérpia, um centro de tráfico de droga na Europa, são “principalmente controlados” a partir de países terceiros, incluindo os Emirados e Marrocos, confirmou o ministro belga da Justiça, Paul Van Tigchelt.
O governante também alertou para a chegada à UE de “drogas zombie”, que provocaram um aumento do número de mortes relacionadas com a droga nos Estados Unidos.
“Estamos a ver cada vez mais drogas sintéticas, cada vez mais fortes”, declarou Van Tigchelt, referindo-se em particular a uma substância conhecida como “flakka”.
O comissário europeu para a Justiça, Didier Reynders, apelou aos Estados-Membros para que façam mais para contrariar intimidações e atos de corrupção.
“Estamos confrontados com uma dura realidade: a ameaça omnipresente destas redes de criminalidade organizada, capazes de atingir juízes e procuradores”, reconheceu o dirigente europeu, notando que as ameaças não poupam a jovem Procuradoria Europeia, um organismo criado há dois anos para combater a criminalidade transfronteiriça na UE.
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