“Definimos 2019 como o ano de lançamento público e de afirmação da candidatura e é para isso que estamos a trabalhar”, afirmou o presidente da Câmara de Évora, Carlos Pinto de Sá (CDU), em declarações à agência Lusa.
A intenção de candidatar a cidade de Évora a Capital Europeia da Cultura em 2027 foi anunciada oficialmente, em novembro do ano passado, no Salão Internacional do Património Cultural, em Paris, França.
O autarca assinalou que Évora foi a primeira cidade “a anunciar a sua [intenção de] candidatura” e consensualizou o projeto com “um conjunto de entidades regionais e locais”, tendo sido constituída uma comissão executiva.
“Esta comissão tem vindo a desenvolver um trabalho, no âmbito dessa candidatura, que, nesta primeira fase, tem muito a ver com a recolha de experiências e com a preparação de uma candidatura sólida para o futuro”, disse.
Carlos Pinto de Sá realçou que a Câmara de Évora e os seus parceiros neste projeto definiram “um programa de trabalho que está a ser cumprido” e que “está dentro daquilo que são os prazos” definidos.
“Eu admito, naturalmente, que pudesse ter sido feito mais trabalho e que pudéssemos ir mais adiante, mas acho que temos estado a fazer um trabalho que, sobretudo, pretende ter uma base muito sólida e consensual entre todos”, sublinhou.
Pinto de Sá insistiu que o município alentejano tem trabalhado com os seus parceiros no projeto para “garantir que todos convergem e isso tem sido conseguido”, o que, considerou, “absolutamente essencial”.
De acordo com o calendário europeu, a decisão sobre a Capital Europeia da Cultura em 2027 será tomada cinco anos antes, em 2022.
A comissão executiva integra, além do município, a Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo, Agência Regional de Promoção Turística do Alentejo, Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional do Alentejo, Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central, Direção Regional de Cultura do Alentejo, Fundação Eugénio de Almeida e a Universidade de Évora.
O centro histórico de Évora comemora este ano o 32.º aniversário da classificação como Património Mundial, pela Organização das Nações Unidas, para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).
Oposição preocupada com candidatura
A oposição PS e PSD na Câmara de Évora manifesta preocupação com o andamento da candidatura da cidade a Capital Europeia da Cultura em 2027, mas a maioria CDU argumenta que "muito barulho" não significa qualidade.
"Não temos visto, por parte da câmara, nenhuma iniciativa relevante, do ponto de vista estratégico, para conseguir que a candidatura se concretize", afirmou à agência Lusa a vereadora socialista Elsa Teigão.
Também o vereador social-democrata, António Costa da Silva, considerou que "foi um ano perdido, porque não se fez nada", lembrando que "já passou mais de um ano" do anúncio oficial da intenção de apresentar a candidatura.
Elsa Teigão assinalou que os eleitos do PS têm pedido, com frequência, esclarecimentos sobre "o andamento do processo" à maioria CDU nas reuniões públicas de câmara, indicando que são "remetidos para posterior informação".
"Se existem algumas iniciativas, nós, enquanto oposição, não temos essa informação e isso é preocupante, porque não existe ou estão a tentar fazer isso de uma forma isolada e sem a colaboração de todos, como deveria ser", notou.
A vereadora do PS disse ter "a sensação" de que a maioria CDU "anda a tentar dizer o que está a fazer para que a candidatura se realize, no entanto, não se veem ações e iniciativas concretas".
"Ao longo do ano, o que nos foi dito sempre foi que [a candidatura] está a ser preparada e programada", acrescentou.
Por sua vez, o vereador do PSD insistiu que, no último ano, "pouco se fez em Évora" em relação à possível candidatura, salientando que "as outras cidades concorrentes estão em franco andamento com as suas iniciativas".
"Havia um conjunto de iniciativas, nomeadamente um grande seminário que esteve previsto para o primeiro semestre, depois, passou para o segundo semestre e não se realizou nada", apontou Costa da Silva.
O vereador social-democrata disse não saber qual o "tema central da candidatura", nem que "investimentos vão ser concretizados em Évora, no âmbito das perspetivas culturais e do património cultural e de outras áreas".
"Depois, toda a promoção da iniciativa, para que seja conhecida no exterior, também, na minha perspetiva, não foi feito nada", vincou, lamentando que "pouca gente saiba fora de Évora que a cidade é candidata a Capital Europeia da Cultura em 2027".
Contactado pela Lusa, o presidente da Câmara de Évora, Carlos Pinto de Sá (CDU), defendeu que "não é por se fazer muito barulho que a candidatura é a melhor, é pela qualidade e pela intervenção da candidatura".
"Tínhamos um calendário e nem todos os eventos se realizaram nas datas previstas e entendeu-se, por razões variadas, alterar alguns", mas isso não significa que não se realizam, "entendemos que haverá datas mais convenientes", afirmou.
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