O presidente do conselho de administração do grupo Tokyo Electric Power (Tepco) no momento da tragédia, Tsunehisa Katsumata (77 anos), e dois vice-presidentes, Sakae Muto (66 anos) e Ichiro Takekuro (71 anos), são acusados de "negligência que provoca a morte".
A catástrofe de Fukushima, o acidente nuclear mais grave desde Chernobyl (Ucrânia) em 1986, foi classificada por uma comissão de inquérito de "catástrofe de origem humana".
Os moradores da região, que levaram o caso aos tribunais, acusam os três ex-diretores de não terem reforçado as medidas de prevenção ante a hipótese de um tsunami mais potente que o previsto quando a central de Fukushima Daiichi, no nordeste do Japão, foi construída.
"Peço desculpa pelos enormes problemas causados aos moradores da região e em todo o país", declarou Katsumata perante os juízes, antes de rejeitar qualquer responsabilidade penal.
"Era impossível prever o acidente", alegou.
Takekuro, que supervisionava as operações nucleares, usou palavras similares, enquanto Sakae Muto disse: "Quando recordo daquele momento, penso sempre que um acidente como aquele não era previsível".
Numa declaração preliminar, o promotor afirmou que vai demonstrar que o risco de tsunami era conhecido, mas que não foram adotados os dispositivos necessários.
Um estudo interno da Tepco de 2008, revelado mais tarde, mencionava a hipótese de um tsunami de 15,7 metros, "mas a divulgação do relatório não passou da diretoria da divisão nuclear e não chegou a mim", afirmou há algum tempo Tsunehisa Katsumata.
A catástrofe aconteceu em março de 2011, quando um violento terramoto gerou um devastador tsunami que afetou a central, onde o maremoto chegou a 14 metros.
Mais de 100 pessoas compareceram em tribunal, várias procedentes de Fukushima, incluindo Ruiko Muto, presidente da associação que denunciou o caso.
"Quem é o responsável, que encadeamentos de eventos levou a este acidente, ainda não sabemos. E se não questionarmos sobres as responsabilidades, uma tragédia histórica assim poderia voltar a acontecer", declarou à AFP.
"A vida de muitas pessoas foi afetada e quero que os acusados estejam conscientes da sua ira e dor", insistiu.
Os demandantes consideram os ex-diretores da empresa responsáveis pela morte de 44 pessoas levadas para o hospital de Futaba, a alguns quilómetros da central, assim como pelos ferimentos de outras 13 vítimas.
"Com certeza, as três pessoas julgadas não são as únicas responsáveis, mas é extremamente importante que tenham de responder pelo papel que desempenharam", disse Hisayo Takada, da Greenpeace Japão.
As autoridades insistem que nenhuma das 18.500 mortes foi provocada por razões diretamente relacionadas com as radiações emitidas pelos três reatores acidentados na central de Fukushima Daiichi, mas admitem que aconteceram "mortes vinculadas" à operação de retirada.
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