Em entrevista à Lusa, Henrique de Freitas assume que “a aproximação” ao Chega se deu pela área da Defesa, em particular pelos ex-combatentes, cuja pasta tutelou durante o Governo de coligação PSD/CDS-PP, liderado por Durão Barroso (2002-2004).
“Eu achava que o PSD tinha pergaminhos na defesa dos antigos combatentes”, diz o ex-secretário de Estado, desiludido com a política do partido, do qual se desfiliou em 2023, relativamente a este tema.
Segundo Henrique de Freitas, agora filiado no Chega, o PSD tinha “a obrigação moral” de se opor à política do PS sobre ex-combatentes que, afirma, foi transformada num “sucedâneo do chamado Rendimento Social de Inserção”.
A somar ao tema dos ex-combatentes, o antigo governante acrescenta que outros aspetos, como o modelo do “Dia da Defesa Nacional” ou a possibilidade aventada de chamar à carreira militar cidadãos não portugueses, o aproximaram do pensamento do Chega.
É neste contexto que surgiu o convite do partido de André Ventura, de colaborar no programa eleitoral do Chega, o que – diz – fez “com todo o gosto”, embora rejeite a possibilidade de vir a ser o “rosto da Defesa” neste partido.
Henrique de Freitas era militante do PSD desde 1979 e considera que quem agora assumiu as rédeas do partido liderado por Luís Montenegro “são pessoas que não o representam”.
“Neste momento aqueles que estão a tomar conta e tomaram conta do partido são pessoas que não representam aquilo a que nós demos voz em vários momentos na vida do partido”, diz, reportando-se aos tempos do “barrosismo”, de que foi um dos seguidores.
Desde 2009 que deixou de exercer cargos públicos, remetendo-se a um papel de militante de base e a pagar quotas.
Atualmente, Henrique de Freitas afirma que conhece pessoas da sua antiga área política que dizem ter vergonha em assumir que votam em Montenegro, ao mesmo tempo que esse sentimento já não se verifica com Ventura.
“Hoje em dia, em qualquer sitio em Lisboa se diz com o maior à vontade ‘vamos votar no Chega’, diz Henrique de Freitas, que afirma ver-se com “naturalidade” neste partido.
Questionado sobre se estava de acordo com as políticas defendidas pelo Chega relativas à emigração ou contra a igualdade de género, o ex-governante garante expressamente que sim.
“São pessoas que vão levar bandeiras que eu acho que sempre tive”, acrescenta.
“Eu estive a ouvir o discurso da manhã do André Ventura [a intervenção de apresentação da sua candidatura] e tive vontade de me levantar sempre, a bater palmas”, reitera.
Segundo Henrique de Freitas, o Chega é um partido conservador, não extremista, que tem “bandeiras patrióticas” que considera serem “ideias de bom senso” e que é popular e não populista.
“O Chega é um partido interclassista do pequeno comerciante, daquela pessoa que trabalha, o 'self-made man”, define.
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