O júri declarou Ramesh "Sunny" Balwani culpado de 12 acusações de fraude apresentadas por promotores federais, disse à AFP um porta-voz do tribunal da cidade de San José, em Sillicon Valley. O anúncio da sentença está previsto para o final do ano e o condenado corre o risco de passar vários anos na prisão.

Balwani foi julgado separadamente da ex-estrela da biotecnologia americana Elizabeth Holmes, cujo julgamento na mesma sala terminou em janeiro. O veredito considerou-a culpada por quatro acusações de enganar investidores para injetar dinheiro no que ela dizia ser um sistema revolucionário de exames de sangue.

Apesar disso, o júri — que ouviu semanas de provas complexas — também a absolveu em quatro acusações e não conseguiu chegar a um veredito em outras três. Holmes deverá receber a sua sentença em setembro.

Durante o julgamento, Holmes declarou que Balwani tinha uma atitude física e emocionalmente abusiva durante o relacionamento que tiveram, declarações que ele rejeitou.

Holmes e Balwani são exemplos raros de executivos do setor tecnológico que respondem a acusações pelo fim de uma empresa, num ambiente repleto de startups fracassadas que antes prometiam riquezas incalculáveis. O seu julgamento demonstrou como existe uma linha ténue que separa o lucro no setor da desonestidade criminal.

O procurador dos Estados Unidos, Robert Leach, disse aos jurados no tribunal federal de San Jose que Balwani administrava o negócio ao lado de Holmes e que os dois eram "parceiros em tudo, inclusive no crime".

Stephen Cazares, advogado de Balwani, garantiu que o seu cliente não cometeu fraude e mostrou-se convencido do potencial da Theranos. Balwani, quase duas décadas mais velho que Holmes, foi contratado para ajudar a comandar a empresa que ela fundou em 2003, quando tinha 19 anos.

Holmes, que hoje tem 38 anos, prometeu máquinas de testes próprios capazes de realizar uma gama analítica de baixo custo e com apenas uma gota de sangue, uma promessa estatelada com o surgimento das acusações de fraude.

Os promotores alegam que Holmes e Balwani tinham consciência de que a tecnologia não funcionava como prometido, mas continuaram a promovê-la como revolucionária para pacientes e investidores.

Personalidades como Rupert Murdoch e Henry Kissinger interessaram-se pela Theranos quando estava na crista da onda. No entanto, uma reportagem do Wall Street Journal apresentou dúvidas sobre as alegações da empresa, que deram início ao declínio da Theranos.