Carlos Ghosn terá fugido da sua casa no Japão dentro de uma caixa de instrumento musical, numa fuga alegadamente planeada pela sua esposa, com a ajuda de uma banda de música gregoriana e uma equipa de ex-oficiais das forças especiais, conta o The Guardian.

A fuga começou quando os músicos chegaram à residência de Ghosn em Tóquio, onde o ex-presidente da Renault-Nissan vivia em vigilância 24 horas, segundo o canal de TV libanês MTV .

No final da apresentação, enquanto os músicos empacotavam os seus instrumentos, Ghosn terá entrado num dos estojos maiores, sendo depois levado para um pequeno aeroporto local.

De seguida, um avião particular levou Ghosn para Istambul, na Turquia. Depois disso, embarcou num jato particular da Bombardier Challenger para o Líbano, onde chegou na segunda-feira. A trajetória do voo registada pelo site FlightRadar mostra o desaparecimento do jato às 4h16, quando se aproximava do aeroporto internacional de Beirute-Rafic Hariri.

Na terça-feira, 31 de dezembro, Carlos Ghosn confirmou a presença no país. “Estou no Líbano. Deixei de ser refém de um sistema judicial japonês parcial onde prevalece a presunção de culpa”, afirmou, de acordo com um comunicado divulgado pelos representantes do empresário.

Ghosn, de 65 anos, esclareceu não ter fugido à Justiça, mas que se libertou “da injustiça e da perseguição política” no Japão.

“Finalmente, posso comunicar livremente com a imprensa, o que farei a partir da próxima semana”, acrescentou.

Carlos Ghosn, ex-presidente do conselho de administração e ex-presidente executivo do grupo Nissan e da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, foi detido em Tóquio em 19 de novembro de 2018 por suspeita de abuso de confiança e evasão fiscal.

Detido vários meses no Japão, o empresário foi libertado em março de 2019, após o pagamento de uma caução. No início de abril passado, foi novamente detido e outra vez libertado sob caução. No final desse mesmo mês, Ghosn ficou sob detenção domiciliária, a aguardar julgamento por evasão fiscal, entre outros crimes.

Os advogados e a família de Carlos Ghosn têm criticado fortemente as condições da detenção do empresário, bem como a forma como a justiça nipónica tem gerido os procedimentos deste caso.

Ghosn chegou à Nissan em 1999 como presidente executivo para liderar a recuperação do fabricante, com sede em Yokohama, nos arredores de Tóquio, depois de ter oficializado uma aliança com a francesa Renault.