Em comunicado, as autoridades alemãs afirmaram que Martin Winterkorn sabia da prática ilegal de utilizar 'software' para enganar os testes de emissões – que ficou conhecida como Dieselgate – desde pelo menos maio de 2014, e não evitou que estas práticas continuassem.
No total, foram detetados cerca de 11 milhões de carros em todo o mundo equipados com o 'software' ilegal da marca, dona da fábrica portuguesa VW Autoeuropa.
Até agora, este escândalo já custou à empresa cerca de 28 mil milhões de euros.
O argumento agora apresentado pela justiça contradiz o testemunho do antigo gestor da VW no parlamento alemão, no qual garantiu que só soube do caso pouco antes de os investigadores norte-americanos o anunciarem em setembro de 2015.
Dias depois daquela declaração, Winterkorn renunciou ao cargo.
De acordo com as autoridades, os réus - todos gestores na empresa – fizeram parte de uma fraude que começou em 2006.
O fabricante, com sede em Wolsfburg, já admitiu ter instalado um 'software' que poderia detetar os gases quando os carros estavam na fase de testes para certificação de emissões.
No entanto, quando eram conduzidos no dia-a-dia, os controlos de emissões eram desligados, uma prática que melhorava o desempenho do veículo, mas fazia com que as emissões de óxidos de nitrogénio fossem muito mais elevadas do que o limite legal permitido nos EUA.
No mesmo comunicado pode ler-se que os réus realizaram, em 2014, uma atualização do 'software', avaliado em 23 milhões de euros, numa tentativa de encobrir a verdadeira razão do registo de emissões elevadas de poluição durante a condução regular.
Face a este cenário, o ex-líder da VW e os restantes gestores podem enfrentar uma pena de prisão que vai de seis meses a 10 anos se forem condenados pelas acusações de fraude grave envolvendo sérios prejuízos e podem ainda responder pela acusação de quebra de confiança por concorrência desleal.
Entretanto o advogado de Winterkorn, Felix Doerr, afirmou que a defesa ainda não pode comentar a acusação porque as autoridades judiciais não lhes deram oportunidade adequada para rever os arquivos do caso.
Estas são as primeiras acusações criminais na Alemanha sobre o tema, pois o ex-presidente executivo de 71 anos já tinha sido acusado pelas autoridades norte-americanas em 2017.
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