“Na zona da localidade de Krasnoyarsk [nome soviético de Pokrovsk] (…) foi atingido um centro de comando avançado do grupo ucraniano ‘Khortytsia'”, declarou o porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov.
A Ucrânia acusou imediatamente os russos de estarem a mentir.
“É uma mentira completa”, disse à agência noticiosa France-Presse (AFP) Serguiï Tcherevaty, porta-voz do centro de comando para o leste da Ucrânia.
“De memória, esta é a quarta vez que eles afirmam algo deste género”, acrescentou o representante.
As informações fornecidas pelas partes sobre a situação nas frentes de batalha não podem ser frequentemente confirmadas de forma imediata e independente.
Segundo a versão ucraniana, e no mais recente balanço dos ataques russos, divulgado hoje pelo governador de Donetsk, Pavlo Kirilenko, pelo menos sete pessoas, cinco delas civis, e outras 81 ficaram feridas nos ataques com mísseis na cidade ucraniana de Pokrovsk.
Numa publicação na sua conta pessoal na plataforma Telegram, Kirilenko adiantou que 39 civis, incluindo duas crianças, bem como 31 polícias, sete membros do Serviço de Emergência do Estado e quatro militares estão entre os feridos.
Segundo a agência noticiosa Ukrinform, das sete vítimas mortais, cinco são civis, uma é um elemento de uma equipa de salvamento e outra é um soldado.
O número de mortos, segundo admitiu Kirilenko, pode aumentar à medida que prosseguem as buscas e a remoção dos escombros.
O ataque, que teve como alvo vários edifícios residenciais de cinco andares, também atingiu um hotel e restaurantes, lojas e edifícios administrativos próximos, que ficaram danificados. As autoridades abriram uma investigação sobre um alegado crime de guerra russo.
Por outro lado, as autoridades russas acusaram hoje a Ucrânia de coordenar uma campanha telefónica “maciça” para manipular os russos, em especial os idosos, a incendiarem infraestruturas na Rússia, incluindo instalações militares.
Os incêndios registados em edifícios públicos, incluindo os gabinetes de recrutamento do exército, têm vindo a aumentar há vários meses, alimentando especulações sobre a impopularidade junto da opinião pública da ofensiva russa contra Ucrânia e a emergência de movimentos de resistência clandestinos.
Para as autoridades russas, esta vaga de vandalismo é essencialmente o resultado de uma operação telefónica ucraniana.
“Os funcionários do Ministério do Interior russo estão a assistir a um aumento acentuado de relatos nas nossas regiões sobre a utilização de uma nova tática de burla telefónica com origem na Ucrânia”, declarou o ministério em comunicado.
Num dos cenários, referiu o comunicado, os autores das chamadas afirmam ter roubado dinheiro às vítimas e prometem devolvê-lo se estas incendiarem um edifício.
“Ou fazem parecer que o incêndio faz parte de um plano para apanhar os criminosos. Por vezes, ameaçam simplesmente metê-las em sarilhos ou mesmo matar os seus entes queridos”, detalhou a nota informativa do ministério.
“Tudo acaba da mesma forma: o pedido para incendiar infraestruturas militares, de transportes ou bancárias”, denunciou o ministério russo, sublinhando que este tipo de chamadas tem sido registado “com grande intensidade” nos últimos sete dias.
“Praticamente todos estes autores de fraudes telefónicas estão sediados na Ucrânia e seguem as mesmas ordens. A maioria das suas vítimas são pessoas idosas”, afirmou o ministério.
Numa declaração separada, a Procuradoria-Geral da Rússia disse também hoje que esta campanha coincidiu com os avanços, reivindicados por Moscovo, na frente ucraniana.
O Ministério Público advertiu que incendiar infraestruturas militares pode ser considerado um “ato terrorista” ou de “sabotagem”, que será severamente punido.
Nos últimos meses, várias manipulações deste tipo foram já tornadas públicas na Rússia, um país onde as burlas telefónicas são comuns.
Em abril, o portal noticioso Mediazona contou pelo menos 16 casos públicos de reformados russos que tentaram incendiar instalações militares ou bancárias, utilizando imagens de videovigilância, depois de terem sido enganados por telefone.
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