Numa carta enviada aos bispos dos Estados Unidos, Francisco alerta que o programa de deportação forçada de pessoas apenas por causa do seu estatuto ilegal as priva da dignidade.

A carta do Sumo Pontífice vem ao encontro dos bispos norte-americanos, que já tinham criticado as expulsões por prejudicarem os mais vulneráveis.

O primeiro Papa latino-americano da história há muito que fez da assistência aos migrantes uma prioridade do seu pontificado, apelando para que os países acolham, protejam, promovam e integrem os que fogem dos conflitos, da pobreza e das catástrofes climáticas.

Francisco também afirmou que se espera que os governos o façam até ao limite das suas capacidades.

Na carta, Francisco afirma que as nações têm o direito de se defender e de manter as suas comunidades a salvo dos criminosos.

“Dito isto, o ato de deportar pessoas que, em muitos casos, deixaram a sua terra por razões de extrema pobreza, insegurança, exploração, perseguição ou grave deterioração do ambiente, prejudica a dignidade de muitos homens e mulheres, e de famílias inteiras, e coloca-os num estado de particular vulnerabilidade e indefesos”, escreveu.

Francisco, citando as histórias bíblicas de migração, o povo de Israel, o Livro do Êxodo e a própria experiência de Jesus Cristo, afirmou o direito das pessoas a procurar abrigo e segurança em outras terras e disse estar preocupado com o que está a acontecer nos Estados Unidos.

Associações que disponibilizam apoio a migrantes:

JRS Portugal — O gabinete jurídico "tem como objetivo assessorar juridicamente os utentes no seu processo de regularização, bem como emitir pareceres e orientações técnicas internas em matérias de Lei de Estrangeiros, Lei de Asilo e legislação acessória". Saiba mais aqui.

Renovar a Mouraria — Centrada na freguesia de Santa Maria Maior, em Lisboa, esta associação ajuda com os processos de regularização de quem "vive, trabalha, estuda ou tem filhos que estudam" naquela zona. Conheça o projeto aqui.

Lisbon Project — Este projeto tem como objetivo "construir uma comunidade que integra e capacita migrantes e refugiados". Nesse sentido, tem também disponível um gabinete de apoio jurídico. Fique a par de tudo aqui.

Mundo Feliz — Esta associação ajuda os imigrantes no processo de regularização em Portugal e também na procura de emprego, entre outros serviços. Saiba mais aqui.

Linha de Apoio ao Migrante — Esta linha "tem como principal objetivo responder de forma imediata às questões mais frequentes dos migrantes, disponibilizando telefonicamente toda a informação disponível na área das migrações e encaminhando as chamadas para os serviços competentes". Contactos: 808 257 257 / 218 106 191. Mais informações aqui.

“Acompanhei de perto a grande crise que está a ocorrer nos Estados Unidos com o início de um programa de deportações em massa”, escreveu Francisco.

“A consciência corretamente formada não pode deixar de fazer um juízo crítico e exprimir o seu desacordo com qualquer medida que, tácita ou explicitamente, identifique o estatuto ilegal de alguns migrantes com a criminalidade. Uma coisa é desenvolver uma política para regular a migração legalmente, outra é expulsar pessoas puramente com base no seu estatuto ilegal”, escreveu.

“O que se constrói com base na força, e não na verdade sobre a igual dignidade de cada ser humano, começa mal e acabará mal”, vaticinou.

Na semana passada, a assessora de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse que mais de 8.000 pessoas tinham sido presas em ações de aplicação da lei da imigração desde que Trump tomou posse em 20 de janeiro.

Algumas foram deportadas, outras estão detidas em prisões federais, enquanto outras ainda estão detidas na Base Naval da Baía de Guantánamo, em Cuba.