"Temos de procurar técnicas jurídicas e legislativas para proteger o ambiente de debate publico democrático", salientou, em declarações à Lusa, José Chrispiniano, à margem da conferência "Fake news e os novos meios", que decorreu hoje na Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP).
O assessor do ex-Presidente brasileiro recordou a importância do jornalismo no combate às 'fake news', algo que acredita que é necessário ser "sério" e feito com "responsabilidade".
"Acho que existe da parte do jornalismo a importância de levar o trabalho muito a sério e levantar temas de credibilidade, porque existiram situações no Brasil que levaram ao questionamento do jornalismo. Acho que é necessário um jornalismo muito sério, muito responsável e que tenha cuidado com as informações e com quem elas afetam, de modo a tentar fugir das informações sensacionalistas", apontou.
Durante a conferência, que contou com a presença de vários estudantes brasileiros que frequentam cursos de doutoramento na FLUP, José Chrispiniano focou a sua apresentação nas eleições presidenciais brasileiras de 2018, na campanha do Partido dos Trabalhadores (PT, partido de Lula da Silva), do movimento 'Ele não' e a consequente eleição de Jair Bolsonaro (extrema-direita) como Presidente da República.
"A partir do movimento 'Ele não', o Bolsonaro tornou-se o centro da campanha eleitoral e é triste porque este extremismo passou a gerar o debate eleitoral", lembrou o assessor de Lula da Silva - a cumprir pena de prisão desde 2018 -, acrescentando que a campanha eleitoral no Brasil foi acompanhada de um "ambiente muito tóxico".
Questionado pelos assistência sobre quais os métodos utilizados pelo PT para combater a propagação das 'fake news', José Chrispiniano admitiu que o partido "demorou muito tempo a enfrentar o problema".
"Num país que usa muito as redes sociais, as pessoas são muito influenciadas. Havia intimidação através do Whatsapp (aplicação) e nós reagíamos, denunciando. Houve uma evolução técnica e percebemos o que se passava, mas não sabíamos quem era a empresa ou o serviço que estava por detrás da divulgação dessas informações", frisou.
Quando questionado por um dos estudantes sobre como o PT pretendia "enfrentar este fenómeno", José Chrispiniano afirmou que era fundamental o "acompanhamento técnico e das autoridades" no combate a essa propagação.
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