“Não temos um crime ainda que venha a prever esta questão das ‘fake news’, em todo o caso há um conjunto vasto de crimes a que as podemos associar”, sublinhou Carlos Cabreiro, diretor da Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e a Criminalidade Tecnológica (UNC3T) da Polícia Judiciária, dando o exemplo do crime de calúnia.
Orador na conferência “Combate às ‘fake news’ – uma questão democrática”, que hoje decorreu na Culturgest, numa organização da Lusa em colaboração com a agência Efe, Carlos Cabreiro explicou que, quando se fala de crime, é preciso identificar os autores. Ora, neste “domínio do falso”, “as polícias não estão nada facilitadas”.
Sublinhando que “até o conceito de nação é colocado em causa”, o responsável da PJ recordou que “o lastro de informação” pode ser criado hoje, mas ter impacto “daqui a seis, sete meses, distante da prática dos factos”, o que dificulta a ação.
Acresce que existe “um conjunto vasto de ferramentas que permitem a anonimização”, refletiu, acrescentando que “o próprio mercado possibilita a criação de falsas identidades”.
“Estamos perante uma combinação perfeita em que, com um simples clique, podemos causar um dano alargado, podemos ter um alvo de milhões de pessoa, um elevado número de vítimas, e com uma velocidade inigualável”, refletiu.
Porém, apesar de esta ser “uma criminalidade praticada na solidão”, o responsável da PJ frisou que “o virtual é passível de materializar”.
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