“Tínhamos a casa cheia e houve clientes que deixaram as compras e outros simplesmente foram embora, porque nem o multibanco funcionava”, declarou hoje à Lusa Margarida Fonseca, funcionária de A Favorita do Bolhão, loja fundada em 1934 na Rua Fernandes Tomás.
Segundo aquela trabalhadora, bastaram 45 minutos de falha de eletricidade para aquela loja histórica e tradicional, à qual os clientes se deslocam de outras cidades apenas uma vez por ano para ali fazer as compras de Natal, perder “mais de mil euros” de vendas em produtos como vinhos, licores e queijos.
Outra das funcionárias da Favorita do Bolhão, Jéssica Ferreira, referiu que que uma das causas da falha da luz poderia estar relacionada com uma “sobrecarga”, devido às luzes de Natal na cidade, mas sublinha que as autoridades ainda não explicaram a causa real.
Na confeitaria Cristo Rei, fundada na Baixa do Porto em 1980 e que nesta época do ano se dedica à venda de bolo rei e outras iguarias natalícias, também se confirmou uma falha de eletricidade na hora de almoço de quarta-feira.
“O que ouvi dizer é que a culpa era da instalação das luzes de Natal deste ano”, explicou António Lopes, a trabalhar há 20 anos naquela confeitaria histórica da cidade.
Na Cristo Rei os prejuízos pela falha de luz rondam “as centenas de euros”, afirmou.
“Perdemos largas dezenas de clientes da hora de almoço e tivemos de mandar para o lixo vários quilos de massa para bolo rei que ficou estragada e que daria para confecionar mais de 70 bolos rei”, lamentou, explicando que só na massa perdeu cerca de 700 euros, porque um bolo equivale, por norma, a um quilo que é vendido a 13 euros.
Na Casa Natal, mercearia centenária fundada em 1900 no Porto e que vende bacalhau, vinhos, frutos secos e outros produtos tradicionais, a falha de eletricidade na quarta-feira causou prejuízos na ordem dos 600 a 700 euros, como adiantou à Lusa Nuno Rocha, dono da loja.
“Houve falha de luz por volta das 13:30, perdemos muitos clientes, mas não houve até agora explicação das causas da falha”, acrescentou.
A falta de luz repetiu-se também no mesmo dia e à mesma hora na Confeitaria Império, que estava “cheia” na altura da falha de eletricidade e que perdeu “dezenas de euros” nos almoços, como recordou Marcelino Maia, funcionário do estabelecimento, mostrando à agência Lusa vários recibos que ficaram por pagar por não ter multibanco a funcionar.
No Pretinho do Japão, uma outra mercearia história fundada em 1947 na Baixa do Porto e localizada na Rua Bonjardim, a falha de eletricidade também se confirmou à hora de almoço de quarta-feira, bem como na loja Trindade Modaíntima, onde a situação foi também confirmada por Mónica Paiva, proprietária do estabelecimento.
“Ficámos sem luz por volta das 13:00 de quarta-feira e com os computadores desligados não podia atender os clientes”, o que gerou um “prejuízo significativo”, disse.
Fonte da EDP Distribuição confirmou hoje à tarde à Lusa que na quarta-feira passada houve “uma avaria num cabo de média tensão, resultado de escavações realizadas por terceiros não pertencentes à EDP". A mesma fonte disse que as escavações estavam a ser feitas por "uma entidade privada", mas disse desconhecer qual.
A Lusa também questionou a Câmara Municipal do Porto para obter algum esclarecimento sobre se saberia a causa da falha na eletricidade na zona central do Porto, mas até ao momento não foi possível obter esclarecimentos.
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