PSD

O presidente do PSD, Rui Rio, acusou hoje o primeiro-ministro, António Costa, de “falta de coragem” para demitir o ministro das Infraestruturas e disse que aguarda com curiosidade as declarações do Presidente da República.

“Eu julgo que há aqui, da parte do primeiro-ministro, António Costa, uma notória falta de coragem para demitir um ministro, e isto naturalmente fica numa situação profundamente caricata”, defendeu Rui Rio, em declarações aos jornalistas na Assembleia da República.

O ainda líder do PSD salientou que o executivo “tem liberdade de agir como bem entende”, mas “há uma questão que passa para outro patamar”: “o senhor Presidente da República vai falar hoje e eu estou curioso para saber o que é que vai dizer”.

“É verdade que, por um lado, ele foi um bocado ultrapassado pelo próprio ministro, e isso é desagradável, mas por outro lado, eu sentir-me-ia incomodado em ter um governo que está em funções há tão pouco tempo, um governo que tem maioria absoluta e, depois de tão pouco tempo, estar já neste estado, principalmente entre dois elementos, primeiro-ministro e ministro, que já vinham de trás, que já se conhecem, que já sabem como cada um deles funciona”, destacou.

Questionado sobre se considerava adequada a apresentação de uma moção de censura, Rio recusou essa hipótese, dizendo que “não teria efeito prático” e que não faz sentido fazê-lo a um governo que “está a funcionar há três ou quatro meses”.

Rio apontou que num dia o país está perante “um ministro que perentoriamente fazia determinadas afirmações” e hoje “aparece como um cordeirinho a pedir muitas desculpas, a dizer que é normal, as pessoas enganam-se”

“Quer dizer, enganam-se, mas teve um impacto grande aquilo que ele veio dizer sobre um assunto grande também”, vincou.

Chega

O presidente do Chega, André Ventura, considerou que o ministro das Infraestruturas “já não existe politicamente, está desautorizado a todos os níveis pelo próprio primeiro-ministro”.

Ventura pediu a intervenção do Presidente da República, considerando que Marcelo Rebelo de Sousa deve “apontar o caminho da saída a Pedro Nuno Santos”.

O líder do partido de extrema-direita classificou como “absolutamente lamentável” um ministro “desrespeitar diretamente o Governo e o primeiro-ministro” e depois justificar que foi “uma falha na comunicação”, criticando que o “que está a acontecer em Portugal é um circo inacreditável”.

Considerando que o “que se esperava de António Costa hoje era decisão, autonomia e capacidade”, Ventura disse que o primeiro-ministro “não tem nenhum destes três requisitos” e foi “desautorizado, e com ele o país todo”.

IL

O presidente do Iniciativa Liberal, João Cotrim Figueiredo, considerou que o país está perante “uma novela mexicana”, uma vez que houve “um ministro que foi desautorizado de uma forma humilhante” e “um primeiro-ministro que reconheceu um erro grave”, mas não demitiu o governante que errou.

Na ótica do deputado liberal, o executivo socialista está “hoje mais frágil” e João Cotrim Figueiredo levantou dúvidas sobre as declarações de António Costa e Pedro Nuno Santos: “Não sabemos a história toda”.

PCP

Pelo PCP, a líder da bancada, Paula Santos, acusou o PS, de “em articulação com o PSD, servir os interesses da Vinci e negar ao país o direito a ter uma infraestrutura aeroportuária que permite o desenvolvimento” nacional.

A deputada comunista disse que denota “uma grande contradição no Governo” e também “dificuldades em justificar ao país” a opção do Montijo, argumentando que a opção do Campo de Tiro de Alcochete “está consensualizada” como a mais indicada para substituir o Aeroporto Humberto Delgado (Portela).