Num total de 437 quilómetros, a ligação de alta prestação entre Madrid e a fronteira portuguesa, em Évora/Caia, está em construção e ainda em fase de planeamento o troço Lisboa-Évora, mas, segundo um relatório do TCE sobre redes europeias de alta velocidade, enquanto os trabalhos do lado português decorrem, da parte espanhola a linha acaba a cerca de seis quilómetros da fronteira.

Os auditores que visitaram seis Estados-Membros (França, Espanha, Itália, Alemanha, Portugal e Áustria) e analisaram as despesas relativas a mais de 5.000 quilómetros de linhas de alta velocidade, o que corresponde a cerca de metade de toda a rede da UE, concluíram que o objetivo de as triplicar até 2030 “não será alcançado”.

“Foi construída uma manta de retalhos ineficaz de linhas nacionais mal ligadas", declarou o membro do TCE responsável pelo relatório, Oskar Herics, num encontro com a imprensa, em Bruxelas.

As linhas de alta velocidade que atravessam as fronteiras nacionais não são uma prioridade nacional em termos de construção e a Comissão não tem poderes para fazer executar esses projetos, o que significa que o cofinanciamento da UE tem um reduzido valor acrescentado.

Por seu lado, o auditor que chefiou a equipa Luc T’Joen sublinhou que “as coisas estão a mudar na ligação entre Évora e Mérida (Espanha), com a decisão de relançar a linha, que, no que respeita ao transporte de mercadorias, é um balão de oxigénio para os portos de Sines e de Lisboa”.

Em abril, a Comissão Europeia disse que a secção Évora-Mérida não tem que ser de alta velocidade, mas sim que cumprir padrões de desempenho de infraestrutura ferroviária principal da Rede Transeuropeia de Transportes (RTE-T, incluindo a eletrificação total e a execução do Sistema Europeu de Gestão do Tráfego Ferroviário (ERTMS) e no que se refere ao comprimento dos comboios, à carga por eixo e à velocidade da linha.

Por seu lado, o Governo português salientou que Bruxelas, no âmbito do quadro financeiro em vigor, decidiu sobre uma linha "de alto desempenho para mercadorias”, e não há qualquer investimento atual em comboio de alta velocidade para passageiros.