Em comunicado enviado à agência Lusa, o sindicato refere que a falta de recursos humanos, não apenas de médicos, coloca em causa "a continuidade da qualidade de assistência a grávidas e bebés, as escalas de urgência e a manutenção do protocolo de acompanhamento com os cuidados de saúde primários, que contempla três consultas e ecografias em fases essenciais da vigilância da saúde da grávida".
As maternidades Bissaya Barreto e Daniel de Matos, que integram o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), realizam, cada uma, cerca de 2.500 partos e 18.000 consultas por ano, lê-se na nota.
"A quantidade de partos realizada em cada uma das maternidades é superior à de outros Hospitais Centrais em Lisboa", sublinha o SMZC, frisando que são também o último recurso para os casos complexos de toda a região, nomeadamente do Hospital de Leiria, Aveiro, entre outros.
Desde 07 de novembro, altura em que identificou a falta de recursos humanos, até à data, o SMZC diz que nada foi feito, nem depois do ofício enviado a 12 de dezembro à Administração Central do Sistema de Saúde e ao Ministério da Saúde.
Pelo meio, a 20 de novembro, numa reunião solicitada ao conselho de administração do CHUC, "o diretor clínico afirmou a dificuldade de contratação de profissionais médicos e o empenho na resolução da situação".
Um dia depois, em carta dirigida ao SMZC e à Federação Nacional dos Médicos, 25 clínicos da Maternidade Bissaya Barreto exprimiram as suas preocupações sobre a concentração de internamentos na fase de resguardo ou quarentena no terceiro piso do edifício, quando o quarto piso, que só abre quando a taxa de ocupação no terceiro está próxima dos 100%, tem "melhores condições de conforto e higiene para as utentes".
Os signatários denunciaram também a "falta de humanização, existindo mães com filhos em cuidados intensivos em risco de vida ou que sofreram a sua perda, ao lado de mães com recém-nascidos saudáveis, falta de recursos humanos médicos com ausência de novas contratações desde há 10 anos, insatisfação dos profissionais de saúde e seu esgotamento, desmotivação, revolta e deceção com a atual situação".
"Os recursos humanos médicos nas maternidades não sofreram qualquer alteração e a situação atual mantém-se muito próxima da rutura. A região tem sido discriminada negativamente pela tutela e as grávidas, mães e bebés do Centro merecem mais e melhor", sintetiza o comunicado do SMZC.
Apesar das tentativas telefónicas, não foi possível à agência Lusa obter uma reação do presidente do conselho de administração do CHUC.
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