No total, há 68% dos portugueses a quem faltam dentes naturais, sendo que 37% têm falta de um a cinco dentes, a mais de 10% faltam seis a oito dentes, a 12,9% faltam mais de oito dentes e a 6,2% da população faltam todos os dentes.
O barómetro, realizado a pedido da Ordem dos Médicos Dentistas e a que a agência Lusa teve acesso, mostra ainda que mais de metade dos portugueses (57,6%) com falta de dentes naturais não tem nada a substituir os dentes em falta. A contabilização da falta de dentes naturais excluiu, neste barómetro, os dentes do siso.
A percentagem de portugueses com dentes em falta e que nada têm a substituí-los tem aumentado, ainda que ligeiramente, em comparação com os dados de 2014 e de 2015.
No atual barómetro, destaca-se que dos portugueses com mais de seis dentes em falta há mais de um terço que não têm nenhuma prótese, dentadura ou implante.
“Não queremos ter metade do país desdentado”, assume o bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas em declarações à agência Lusa.
Orlando Monteiro da Silva sublinha que “as pessoas com recursos têm muito mais dentes e as pessoas com menos recursos são muito mais desdentadas”.
“Temos dois pesos e duas medidas. É uma saúde oral totalmente a duas velocidades. Um país que tem acesso a cuidados tem muito menos dentes perdidos e melhores hábitos de higiene. E o país que não tem acesso tem mais dentes perdidos e piores hábitos. Esta dicotomia, esta diferença, todos temos a responsabilidade de combater”, afirmou o bastonário à Lusa.
Portugueses mais preocupados com a saúde oral
Os portugueses aumentaram as visitas ao dentista, mas 42% não marcam consulta há mais de um ano e há 27% que nunca vão ao dentista ou só recorrem em urgência, segundo o barómetro de saúde oral deste ano.
Em comparação com 2015, ano do anterior barómetro de saúde oral, este ano houve um crescimento de 5,4% dos portugueses que dizem ter ido a pelo menos uma consulta de medicina dentária nos últimos 12 meses.
O bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, Orlando Monteiro da Silva, reconhece, em declarações à agência Lusa, esta “ligeira melhoria”, mas considera que no geral se mantém “a velha questão da acessibilidade” à saúde oral, havendo “um longo caminho a percorrer”.
O barómetro mostra aliás que há 42% de portugueses que não visitam o dentista há mais de um ano e 27% dos portugueses inquiridos dizem que nunca vão ao dentista ou só vão em caso de urgência.
Os dados recolhidos no verão deste ano apontam ainda para uma relação significativa entre a regularidade de visitas ao dentista e a manutenção de dentes naturais. Há 68% dos portugueses a quem falta dentes naturais, segundo indica o barómetro.
Dos portugueses que não vão ao dentista ou que vão menos de uma vez por ano, quase 45% afirmam não sentir necessidade e há outros 42% que se queixam de não ter dinheiro para ir.
O barómetro revela também que 90% dos portugueses não recorrem ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) para tratar da sua saúde oral. Da percentagem que recorreu às urgências hospitalares, só cerca de metade viu o seu problema resolvido.
“Nos hospitais o problema de fundo não é resolvido. A dor dentária que leva as pessoas ao hospital é resolvida com recurso a analgésicos e a antibióticos e não com uma intervenção na boca da pessoa. Só resolve muito temporariamente o problema”, explica o bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas.
O estudo, realizado a pedido da Ordem dos Médicos Dentistas, salienta ainda que mais de sete em cada dez portugueses desconhecem que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) já disponibiliza medicina dentária em vários centros de saúde.
A Ordem considera fundamental que o Ministério da Saúde se esforce na divulgação, junto das populações, dos centros de saúde que já dispõem de cuidados de saúde oral.
O bastonário recorda que está em curso há um ano um projeto-piloto que integrou 54 médicos dentistas em cerca de meia centena de centros de saúde.
Numa análise ao barómetro, o bastonário destaca a “grande confiança que as pessoas têm no seu médico dentista” e ainda o facto de “muito poucas pessoas hoje em dia referirem ter medo de ir ao dentista”.
“É uma mudança radical ao longo dos últimos anos”, sublinha o responsável.
O barómetro de saúde oral, feito a pedido da Ordem, tem validade estatística e foi realizado através de 1.102 entrevistas presenciais em todas as regiões portugueses, incluindo as regiões autónomas dos Açores e da Madeira.
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