Há famílias a ponderar retirar as crianças, de três anos, dos jardins de infância por não conseguirem continuar a pagar as mensalidades, avança o Jornal de Notícias.

"Há pais que podem ter de deixar de trabalhar para ficar com os filhos em casa", afirma à publicação Susana Batista, presidente da Associação de Creches e de Pequenos Estabelecimentos de Ensino Particular (ACPEEP).

O primeiro-ministro anunciou que o Governo, através de um financiamento por sala, vai testar novos contratos de associação no Pré-Escolar para garantir o acesso gratuito e universal. A ACPEEP e Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo (AEEP) estão “disponíveis”, mas alertam que esta nova resposta ainda vai ter de ser legislada e contratualizada.

"Estamos numa corrida contra o tempo com famílias desde setembro a pagar mensalidades à espera de informação. Precisam de uma resposta urgentemente, nem que seja uma solução transitória", diz Susana Batista. "Estamos abertos a qualquer modelo que o Estado queira fazer, desde que seja acessível para todas as crianças e seja aplicado em tempo útil”, continua.

Os jardins de infância aderentes da AEEP não têm creches, pelo que, como explica o diretor-executivo Rodrigo Queiroz e Melo ao JN, não chegam casos de transição da “Creche Feliz” à associação.

"Vemos como muito positivo o ultrapassar da barreira ideológica entre público e privado. Estamos dispostos a resolver o problema. Mas precisamos de conhecer o modelo. Vai exigir legislação. Não será nada para o próximo mês. Pode ser uma solução preparada para o próximo ano letivo", defende.

Esta semana, o ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, assumiu que 20 mil crianças inscritas não conseguiram lugar nos jardins de infância.

Em agosto, o Governo comprometeu-se com a continuidade pedagógica das crianças que beneficiaram das creches gratuitas, incluindo “uma solução subsidiária”, isto é, em privados e em caso de falta de vaga na rede pública ou solidária. No entanto, ainda nenhuma das duas associações foi convocada para uma reunião.

O grupo de trabalho, criado em junho, tem até ao final de novembro para propor uma estratégia de transição.