O aumento das vendas da vitamina C e D regista-se um pouco por todo o país inteiro, havendo mesmo uma farmácia na cidade do Porto com aumentos na ordem dos 200% e várias farmácias em Ovar, concelho do distrito de Aveiro, onde foi decretado cerco sanitário durante um mês (17 de março a 17 de abril), com as vendas a crescerem mais de 50%.
A Farmácia Barreiros, no Porto, a funcionar 24 horas por dia, durante todo o ano, indicou à Lusa que teve um crescimento de 200% em março e abril das vendas de vitamina C e D, face à média dos meses anteriores, explicando que a principal razão desse aumento se explica com o desejo dos clientes terem mais armas no sistema imunitário para combater a pandemia de covid-19.
Segundo a diretora da Farmácia Barreiros, Cláudia Barros, os pedidos dos utentes que querem estes dois suplementos vitamínicos chegam na sequência de “aconselhamento médico ou através do passa palavra”.
“O confinamento é igual a estarmos fechados em casa, sem exposição solar. Nem todas as pessoas têm a sorte de ter varandas e como tal a suplementação com Vitamina D surge nesse âmbito”, acrescentou a farmacêutica.
Em relação à vitamina C, Cláudia Barros explica que é um ótimo reforço na manutenção do normal funcionamento do sistema imunitário.
“Enquanto não há vacinas, teremos mesmo de prevenir”, acrescentou.
Na Farmácia Vasques, na cidade do Porto, o aumento de vendas das vitaminas C e D também se regista, principalmente de vitamina C, cujos aumentos são na ordem dos “50% no mês de março, em relação ao mês de fevereiro”, conta um dos farmacêuticos de serviço naquele estabelecimento.
“Foi brutal o aumento [das vendas] da vitamina C”, admite, referindo que esse aumento se pode justificar pelo facto de terem aparecido nas notícias informações sobre “estudos referindo que ajudaria no reforço do sistema imunitário”.
A vitamina D também aumentou, mas não tanto. “Venderam-se 39 caixas de Vigantol em março, enquanto que em fevereiro se venderam 30 caixas”, descreve.
Em Ovar, a Farmácia Lamy, apresenta aumentos de mais de 50% de vendas de vitamina D e C em março e esse crescimento registou-se “principalmente depois de o concelho estar com cerco sanitário”, conta Vânia Santos, por telefone à Lusa, explicando que os clientes compram aqueles suplementos para reforçar o “sistema imunitário”.
A diretora técnica da Farmácia Central em Ovar, Maria José Coelho, conta, por seu turno, que no seu estabelecimento as vendas cresceram “mais de 50% de vendas de vitamina D e C”, em relação aos meses anteriores do ano.
“Esta população [de Ovar] está no epicentro da pandemia” e quer “reforçar o sistema imunitário” contra o novo coronavírus, porque está mais tempo em casa sem apanhar sol, um dos veículos por excelência para produzir a vitamina D, explica Maria José Coelho, considerando que o aumento de vendas da vitamina C se deve ao facto de ser do senso comum que ajuda a combater as gripes.
Em Bragança, na Farmácia Atlântico o ‘stock’ de março de 50 caixas de vitamina D chegou mesmo a esgotar, conta a farmacêutica Maria José Genésio.
“As pessoas começaram a pensar em potenciar o estado de imunidade. Muitas chegam também com indicação ou aconselhamento médico”, comenta.
Na Farmácia Ibéria, em Lisboa, a procura da vitamina C, batizada por alguns de “super vitamina”, aumentou a par do momento em que Portugal decretou estado de emergência e a procura da vitamina D, “vitamina do sol”, registou-se mais no início de abril, relatou Mariana Tymitobska, técnica auxiliar.
As pessoas trazem receitas de Vigantol, porque “estão mais fechadas em casa”, acrescentou.
A Sul, no Algarve, região conhecida pelo clima mais ameno e com mais sol, a tendência do aumento de procura dos suplementos de vitamina D também se confirma.
Segundo Elsa Lourenço, técnica na Helena, em Faro, vários clientes referem que compram aquele suplemento vitamínico por causa da “situação da pandemia”.
Em declarações à Lusa, Franklim Marques, professor da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto e presidente da Ordem dos Farmacêuticos da Secção Norte, explica que estão descritos efeitos benéficos da vitamina D sobre o sistema imunológico.
A maior parte da vitamina D vem do sol e como agora estamos muitas vezes dentro de casa em quarentena, teoricamente pode ser assumido por muita gente como se estivesse com uma capacidade menor de receber vitamina D a partir do sol. O confinamento em casa pode provocar também, no limite com ausência de luz completa, um motivo que leva as pessoas a comprar vitamina D”, disse.
O especialista referiu um estudo científico recente da universidade de Turim (Itália), que indica a existência de uma insuficiência ou de baixos níveis de vitamina D em doentes com covid-19.
“Tomei conhecimento, recentemente, que em alguns hospitais, pelo menos em Portugal, se começaram a realizar a determinação laboratorial de vitamina D, não sei se integrado no painel de analítico, ou como complemento desse painel analítico, mas não conheço ainda os resultados dessas determinações. Ainda é cedo para ter essa ligação da vitamina D à covid-19 como comprovada e devidamente evidenciada cientificamente, e como tal estamos ainda em campo incerto”.
Franklim Marques assume, todavia, que os idosos são as “pessoas mais frágeis à covid-19” e são também as que “têm mais problemas de ossos” e “mais problemas de osteoporose” e que, portanto, a vitamina D ajuda na absorção de cálcio e ajuda a prevenir a doença óssea”.
A vitamina C, por seu turno, é importante no sistema imunitário e promove a absorção do ferro.
Os sintomas iniciais de défice de vitamina C incluem “fadiga, mal-estar e inflamação das gengivas”, lê-se num documento da Direção-Geral da Saúde.
Aquela vitamina encontra-se, por exemplo, em frutas cítricas, como a laranja e o limão, no tomate, batata, pimento verde e vermelho, kiwi, brócolos e morangos.
Vendas de vitamina C e D aumentam de forma exponencial
As vendas de vitamina C em Portugal dispararam em 546,9% em março, em relação ao mesmo período de 2019, e de vitamina D cresceram 148%, avançou hoje a Associação Nacional das Farmácias.
Dados do Centro de Estudos e Avaliação em Saúde (CEFAR) da Associação Nacional das Farmácias (ANF) fornecidos hoje à agência Lusa indicam que em março foram vendidas 159.216 embalagens de vitamina C, o que representa um aumento de 546,9%, em relação no mesmo período de 2019, em que apenas foram vendidas 24.613.
As vendas de medicamentos com ácido ascórbico (vitamina C), excluindo associações, também dispararam em março, em pleno mês de combate à pandemia de covid-19, com 114.396 embalagens vendidas, o que significa um aumento de 481,8% em relação a março de 2019, em que se venderam 19.663.
No que toca às vendas de suplementos de vitamina D, as vendas registadas também cresceram, subindo 148% em relação ao período homólogo de 2019.
Neste último mês de março, os dados mais recentes da ANF indicam que foram vendidas 12.980 embalagens de suplemento de vitamina D, enquanto em 2019 foram vendidas apenas 5.234, o que significa um aumento de 148%.
Os medicamentos com a associação de carbonato de cálcio e Colecalciferol (vitamina D), também registaram em março um aumento de vendas situado nos 38,1%, em relação ao período homólogo de 2019, em que se venderam mais de 40 mil embalagens.
Por: Cecília Malheiro da Agência Lusa
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